UM MILHÃO DE KM DEPOIS...

Postado em: 24/5/2012 | Categoria: Entrevista
Diário de Motocicleta

Imagine rodar uma média de 34 mil km ao ano. Essa é a meta a ser seguida caso você pretenda atingir a marca do amigo Guillermo Godoy que rodou cerca de 1 milhão de km ao longo destes 29 anos sobre duas rodas.

Godoy nascido em 1934 é natural de Goya, Província de Corrientes na Argentina, mas há muito tempo mora na belíssima Santa Catarina. Atualmente roda com um V-Strom 1000cc e confessa que a paixão por motos, como ocorre com a maioria dos grandes e verdadeiros motociclistas, surgiu já na infância, mas que no decorrer da vida, nos leva em uma correnteza  indomável de acontecimentos, possibilitou a compra de sua primeira moto somente aos 49 anos de idade sem ao menos saber pilotar.

A ignição lhe abriu as portas do mundo e desde então milhares de km passaram sob seus pés.

Só para o Ushuaia, Godoy viajou 12 vezes e cruzou o Passo de Jama em uma época em que a travessia levava 4 dias – hoje não dura mais que 2h se a velocidade de cruzeiro for no MODO: Passeio.

América Latina, Europa, Ásia, África e mais recentemente Índia e Nepal, são algumas histórias que felizmente podemos conferir em seus livros, por que como se não bastasse estas viagens maravilhosas, Godoy ainda compartilha com os apaixonados por moto turismo, suas aventuras que já lhe renderam até xadrez em captura pela KGB na antiga União Soviética.

Saiba mais sobre esse exemplo de determinação e perseverança.


DIÁRIO - Guillermo, você se lembra da sua primeira viagem de moto?
GUILLERMO - Não tem como não lembrar... Desde criança sou apaixonado por motos de grande cilindrada. Já sonhava naquela época ao som dos motores da Indian, AJS, BSA, Magnat Debon, Mackles, HRD, Triumph, Jawa, Gilera, Sumbeam e outras marcas famosas que fizeram um pouco da história do motociclismo.
A faculdade não me deixou o mínimo de tempo para pensar em motos. Logo que me formei médico instalei meu consultório particular e a ele me dediquei de alma e coração. Impossível pensar em motos.
Depois casei, nasceram os filhos, tive que aumentar meus compromissos de trabalho (consultório, clínica, hospital, posto de saúde)... Quando os filhos já estavam crescidos e minhas economias equilibradas, eu já estava com 49 anos de idade. Agora sim podia pensar em motos.
Sem planificações prévias, um dia acordei e falei para mim mesmo: vai ser hoje.
Fui numa loja de motos e pedi a máquina mais possante que tivesse, mesmo sem nunca ter subido em uma. Comprei na hora uma CB 400 II, cor dourada, com todos os acessórios. Ali mesmo, no pátio da loja, subi na moto e o vendedor corria a meu lado me dando as dicas de como dirigir. Estava realizando um velho sonho que levou 40 anos para se concretizar.
No dia seguinte, desatendendo a todo e qualquer bom senso, parti para Buenos Aires, para visitar meus pais. A partir daquele momento, nunca mais consegui parar.
Não tem como não lembrar aquele dia que marcou para sempre minha vida!


DIÁRIO – Qual foi a maior viagem já realizada?
GUILLERMO – Minha maior viagem – foi uma aventura de 58.396 quilômetros – Foram 150 dias percorrendo 26 países, através de quatro continentes (América – Europa – Ásia e África), com uma CBR 1000.


DIÁRIO – Qual foi a última viagem?
GUILLERMO – 2012 - Viagem à Índia e Nepal (tema do meu 4° livro).


DIÁRIO – Antes desta viagem houve outras, poderia citar algumas?
GUILLERMO – Várias:
2007 – Viagem pela Rota Transiberiana (tema do meu 2° livro).
2008 - Viagem do Pólo Sul ao Pólo Norte (tema do meu 3° livro).
2009 - Viagem ao Salto Ángel na Venezuela, passando pelo Altiplano boliviano, deserto de Siloli, Salar de Uyuni, Lago Titicaca, Machu Pichu, Linhas de Nasca, Deserto de Sechura, Deserto de Atacama e San Pedro de Atacama.
2010 - Viagem pela Europa, Ásia Menor e África.
2011 - Décima segunda viagem à Patagônia.


DIÁRIO – Toda viagem de moto acontece algum imprevisto, cite um em que você chegou a acreditar que aquilo não estava acontecendo com você!
GUILLERMO – Aconteceu na minha viagem pela Rota Transiberiana. Sem querer, se juntaram três fatores que incomodaram as autoridades russas:
1°- O consulado colocou no passaporte uma permanência de 3 dias em lugar de 30 dias;
2° - Já em Moscou, troquei de hotel sem avisar a polícia;
3° - Tirei fotos inocentes da minha moto no aeroporto.
Meu companheiro e eu fomos implacavelmente procurados em todo o país.
Um helicóptero do exército nos encontrou no lago Baikal, quase entrando na Mongólia. Eu fui preso e incomunicado em um cárcere de Moscou, acusado de espionagem. A valente e imediata atitude do nosso Cônsul em Moscou salvou minha pele (o relato completo e as fotos estão no meu 2° livro).


DIÁRIO – Qual mensagem você deixaria para motociclistas iniciantes?
GUILLERMO – Tenho muitas mensagens que considero importantes para aqueles que se iniciam na arte do motociclismo - Não posso aqui enumerar todas - Estas são apenas algumas das muitas mensagens que escrevi nos meus livros:

-- Não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
A única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.

-- Quando você pensa em fazer uma viagem de moto, é melhor ter um projeto ambicioso do que não ter nenhum.

-- Se não encontra parceiro para viajar, não se preocupe, viaje sozinho! Você vai criar seu próprio universo ao longo do caminho. Suba este primeiro degrau com fé e determinação. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo.

-- Se você planejar uma viagem-aventura e surgirem imprevistos que o impeçam de alcançar a sua meta, lembre que sempre é melhor chorar pela dor da derrota que pela vergonha de nunca ter lutado.

E por último, me permito dar um conselho em versos, de quem já rodou mais de um milhão de quilômetros pelos cinco continentes:

Viaje de moto, viaje sempre...
Sempre você vai querer planejar melhor.
Nunca haverá dinheiro suficiente...
O momento ideal não existe...
São apenas pretextos.
Portanto, encontre coragem
Tome uma decisão...
Prepare o que possas
E vai adaptando o resto pelo caminho.
Sem dúvida, será a melhor época da tua vida.



E para aqueles que já têm o cabelinho branco, posso afirmar, também, com profunda convicção, que todos nós, independente da nossa idade, seremos eternamente jovens, enquanto saibamos manter e cultivar com dignidade, uma mente jovem e sadia, enquanto subamos numa moto e partamos para descobrir o mundo.
Por isso, sempre digo: Felizes aqueles que conseguem pôr em prática, a realização dos seus sonhos tão anelados - O mundo sempre estará nas mãos daqueles que tiverem coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos.


DIÁRIO – Quando surgiu o primeiro livro? Qual foi o objetivo primário ao escrevê-lo?
GUILLERMO – Nunca pensei em ser escritor e menos ainda a possibilidade de lucrar com meus livros. Devo a minha filha Patrícia, minha valente e destemida companheira de todas minhas aventuras, haver ingressado na trilha literária das viagens em moto.
Depois de uma longa viagem, ela me disse: Pai, porque não relatas esta viagem tão maravilhosa que acabamos de fazer. Seria apenas uma lembrança para mim e para teus netos no dia de amanhã. Respondi que não seria possível, não era tarefa fácil, nunca tinha escrito, não tinha nenhuma experiência.
Patrícia foi irredutível e ante sua insistência falei com uma professora de letras da Universidade. Ela veio em casa e pacientemente relatei os detalhes da nossa viagem.
Prometeu voltar com o primeiro capítulo em uma semana.
Quando li o que tinha escrito, tive a maior decepção da minha vida. Era um texto frio, inexpressivo, sem vida... Como se diz popularmente, sem sal e sem açúcar. Não refletia de maneira alguma as emoções da viagem realizada. Logo compreendi que ninguém poderia expressar com clareza os sentimentos que eu vivenciei. Ninguém melhor do que eu para falar das minhas alegrias e tristezas, dos meus medos, meus êxitos e fracassos, da adrenalina e do vento na cara, da sublime sensação de liberdade que se sente ao pilotar uma moto.
Não tinha escapatória, e ante o sorriso feliz da minha filha, peguei a pena e comecei a escrever... E foi assim que nasceu meu primeiro livro “Momentos da minha vida a bordo de uma CBR 1000”.


DIÁRIO – O prazer de viajar de moto muitos amigos conhecem e compartilham, mas qual o prazer em publicar os relatos de uma viagem em um livro?
GUILLERMO – O prazer de escrever um livro sobre viagens de moto é obvio, é apenas o desejo de compartilhar com outras pessoas, motociclistas ou não, o imenso caudal de conhecimentos que vamos assimilando a cada quilômetro percorrido.
São culturas diferentes, de povos diferentes, com suas músicas diferentes, suas comidas diferentes... São paisagens maravilhosas que a natureza guarda com zelo para os aventureiros destemidos... São fatos alegres e outros tristes... É um mundo diferente... E tudo isto é tão gratificante que seria injusto, mesquinho, guardar apenas para si mesmo, e temos que compartilhar com outras pessoas para nos sentirmos realizados.


DIÁRIO – Ao todo quantos e quais livros já foram escritos?
GUILLERMO
Livro 1 - Momentos da minha vida a bordo de uma CBR 1000
Relato emocionado de uma viagem de moto de 17.500 km, com uma CBR 1000, levando minha filha Patrícia na garupa, através da Patagônia Argentina e Chilena (Carretera Austral).
Aventura que inesperadamente se estende desde Ushuaia, na Tierra Del Fuego, até o misterioso “Continente Branco”... A gelada e desconhecida Antártida.
Ali, caminhando sozinhos na Ilha Decepção, por causa de um pequeno descuido, quase somos tragicamente engolidos numa das tantas armadilhas de gelo.
Depois, novamente partindo desde Ushuaia, o ponto mais austral do continente americano, a viagem continua por mais de cinco mil quilômetros de fantásticas trilhas que correm ao pé da imponente Cordilheira dos Andes, até chegar ao mais árido e inóspito deserto do mundo, o Desierto de Atacama, onde jamais cai uma gota de água, onde não existe vida animal nem vegetal, onde a altura e a “Puna” transtornam as faculdades mentais dos que se aventuram por ali.
Em poucos dias de marcha, suportamos uma temperatura que oscilava entre 25 graus negativos na Antártida, até os incríveis 50 graus no deserto.
O livro tem 180 páginas e 50 fotografias coloridas.

Livro 2 - Viajando pela Rota Transiberiana
O livro relata minha recente viagem de quase 60 mil quilômetros através de 30 países e quatro continentes (América - África - Europa - Ásia) durante mais de quatro meses de grandes e inesquecíveis emoções, pilotando uma Honda CBR 1000. Relato minucioso da dificílima travessia da lendária “Rota Transiberiana”, a mais extensa do mundo. Foram dez mil quilômetros rodando por uma das mais inóspitas, geladas e solitárias regiões do planeta. São muitos relatos, alguns cômicos, outros trágicos.
Em fim, foi uma aventura tragicômica.
Foi cômica por conta das incríveis manobras e atitudes desastradas do Ener, meu companheiro de viagem.
Foi trágica e dramática, por conta da implacável perseguição quase cinematográfica da temível KGB soviética através da Sibéria e que terminaria com minha prisão num cárcere de Moscou. Incomunicado, intimidado e maltratado, só a oportuna e valente intervenção do nosso Cônsul Brasileiro em Moscou, pode-se dizer, "salvou a minha pele".
O livro tem 400 páginas e 120 fotografias coloridas.

Livro 3 - Quase do Pólo sul ao Pólo norte em duas rodas (lançamento)
Epopéia de uma viagem maravilhosa cheia de acontecimentos, ruins e bons.
Estimulado pelo carinho e a energia positiva de tantos amigos motociclistas, Godoy parte sozinho com sua V-Strom 1000 (a Amarelinha), para tentar realizar seu mais ousado sonho: Unir Florianópolis ao Pólo Sul, depois subir até o Pólo Norte, e de lá voltar à Florianópolis. Uma aventura de aproximadamente 80.000 quilômetro, de oito à dez meses de duração.
Mas desta vez, o destino que de alguma forma interfere nos caminhos de todo motociclista, foi hostil com ele. Godoy chegou ao extremo sul e quando estava subindo para o Pólo Norte, esse mesmo destino, essa aura protetora que sempre lhe acompanhou em tantas aventuras, de repente se apagou.
Na alta e gelada Cordilheira do Peru, teve um seríssimo acidente, e para piorar a situação que já era muito grave, sua moto desapareceu nas mãos de bandidos peruanos.
Seu lindo sonho acabou ali, sozinho, na montanha, doente, sem dinheiro, sem sua moto, sem ninguém para lhe dar uma mão.
Seu novo livro é um relato autêntico, emocionado, vibrante. Uma vez, igual ao seu livro anterior “Viajando pela Rota Transiberiana”, Godoy nos mostra até que ponto extremo um homem pode chegar, quando a coragem e a inquebrantável fé em Deus, estão sempre presentes.
O grande mérito deste motociclista aventureiro de longas viagens, não era chegar ao seu destino final e sim o fato de ter tentado com essa idade, algo que muitos jovens nem ousam sonhar.
São 423 páginas, mais de 300 fotos coloridas.

Livro 4 – Viajando pela Índia e Nepal (está sendo escrito)
Índia, país milenar, místico e misterioso... País multicolorido nos “sáris” das mulheres e nos turbantes dos homens... País dos fortes cheiros quase embriagantes das inúmeras espécies... País onde as vacas são mais respeitadas e consideradas que os homens considerados “impuros”.
País onde as castas e as classes sociais são absurdas, desde à opulência chocante dos Marajás até às crianças vestindo apenas farrapos, com suas carinhas tristes e sujas, pedindo desesperadamente comida pelas ruas da cidade.
País onde a cultura e os costumes são imensamente diferentes para nós ocidentais.
País onde milhares de carros buzinam ao mesmo tempo, sem dar um segundo de trégua, e em meio deste nó, competem quase a tapas cada milímetro de rua, centenas de triciclos motorizados (tuc tuc), triciclos à pedal (riquixás), bicicletas e milhares de motocicletas.
Como se isto não fosse bastante aterrador, se entrecruzam pessoas, milhares delas caminhando em todas às direções, transportando sobre suas cabeças todo tipo de fardos e mercadorias que vendem ali mesmo. Pobres, vagabundos, miseráveis e crianças batem na janela do carro pedindo comida. Mais isto não é tudo, em meio a essa confusão infernal e assustadora estão as vacas, caminhando calmamente no meio das ruas, bem em meio dos carros.
Ninguém se atreve a mexer com elas, são sagradas.
E para completar o pesadelo estão os camelos puxando carros com todo tipo de carga e acredite se quiser... enormes elefantes driblando esse mar de gente e muitos veículos. O choque cultural é grande, imenso, descontrolado.


DIÁRIO – Como o leitor pode conseguir um exemplar?
GUILLERMO – Nenhum dos meus livros se encontra nas livrarias. O interessado deve comprar diretamente comigo. Faço questão de autografar cada livro e saber com quem está cada exemplar. Em geral, quem compra, acaba por se tornar mais um amigo.

Como comprar os livros:

Livro 1 - Momentos da minha vida a bordo de uma CBR 1000
R$ 35,00 + R$ 8,00 de frete

Livro 2 - Viajando pela Rota Transiberiana
R$ 45,00 + R$ 8,00 de frete

Livro 3 - Quase do Pólo sul ao Pólo norte em duas rodas (lançamento)
R$ 50,00 + R$ 8,00 de frete

Frete registrado: R$ 8,00 (por livro)
Fazer o depósito na minha conta, enviar comprovante via e-mail para bebemo2003@yahoo.com.br junto com seu nome e endereço completo para envio dos livros.
(O envio do comprovante é indispensável para poder localizar seu depósito).

Banco do Brasil
Agencia 4772-4
Conta 32414-0
CPF 290.686.579-68


DIÁRIO – Você possui algum site, blog ou perfil no Facebook que gostaria de divulgar aos apaixonados por moto turismo?
GUILLERMO – Visite meu novo Site em www.guillermogodoy.com.br e veja mais detalhes sobre os livros e as fotos das minhas viagens pelos cinco continentes, Pólo Norte e Pólo Sul.

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