ESTRADAS E COMBUSTÍVEIS – PARTE 2

Postado em: 24/2/2012 | Categoria: Fica a Dica
Diário de Motocicleta

No artigo anterior – Estradas e Combustíveis – Parte 1* – citei as estradas do Brasil (Paraná e São Paulo), do Paraguai e da Bolívia. Agora vamos finalizar esse tema com as estradas do Peru, Chile e Argentina ok!

Peru – 17 dias – 3.331 km
Ruta 2 | Ruta 3S | Ruta 3 | Ruta 31 | Ruta 1 | Ruta 1S


De todos os países que cruzamos nesta aventura, o Peru foi o que mais motocamos e que apresenta as mais belas estradas da viagem inteira.
Seja no Altiplano Andino, no meio da Cordilheira dos Andes ou na Costa do Pacífico, as estradas do Peru são de deixar qualquer um babando dentro do capacete.

Tirando a Ruta 3S que liga Cuzco até Nazca, as demais estradas são um tapete só. O problema com a 3S é que por passar no meio da Cordilheira dos Andes – no nosso caso ladeira a baixo – a incidência de desmoronamentos é muito grande e quando isso acontece, a pista é levada embora... há uma reconstrução emergencial, mas em 99,9% dos casos não há recapeamento do asfalto e a areia fina e pedrinhas exigem uma atenção redobrada e por prudência a desaceleração. Somando esses trechos as centenas de curvas em forma de cotovelo, é necessário muito preparo físico, disposição e tempo... não dá para entortar o cabo, e sinceramente, seria um desperdício de viagem não curtir a paisagem exuberante de paredões gigantescos ao lado da pista!

A parte do litoral é um espetáculo a parte. É bem verdade que ao Sul é muito mais bonito que ao Norte até Lima, onde a Panamericana segue sem postos de gasolina e com granjas a beira mar que deixam a paisagem feia e fedida.
Já descendo para o Sul... entre Nazca e Arequipa, a estrada margeia o oceano Pacífico a sua direita, enquanto a Cordilheira dos Andes sobe em alguns pontos até quase 1.000 m de altitude, assim, do seu lado.

O visual é fantástico, o asfalto ótimo, mas não existem três coisas, guard rail, telefone de SOS e postos de combustíveis. Aliás, telefone de SOS e guard rail é um luxo das estradas brasileiras... são raríssimas rutas que possuem essas instalações.
Quanto ao combustível fique atento, no Peru é fácil rodar até 200 km sem nada e isso inclui falta de postos de combustível.

No peru o amigo vai encontrar três tipos de gasolina por octagem sendo o de 90, (normal), 95 (super) e 97 (super plus) – Como de costume abasteci sempre com a de menor octanagem e rodei 20 km/L tranquilamente. O preço gira em média de R$1,53 o litro (US$0,92 – cotação a R$1,65), mas vale ressaltar que o combustível é medido em galão e não litros e que cada galão equivale a 3,78L.

Chile – 4 dias – 1.466 km
Ruta 5 | Ruta 1 | Ruta 28 | Ruta 25 | Ruta 23 | Ruta 27


O Chile é fantástico, caro e tem as estradas mais desertas que já cruzamos.
O asfalto é 100% tapete e as faixas amarelas são na verdade brancas... com a pista preta, fica um visual motocar por suas estradas.

Aqui a preocupação deve ser com combustível... na Ruta 5 que liga Arica até Iquique, rodamos cerca de 230 km no mais completo vazio e só conseguimos combustível em um vilarejo chamado Huara onde compramos gasolina em uma casa de família.
Antes de entrar na estrada, esteja com o tanque cheio, pois são várias estradas desertas.
Nesta mesma Ruta 5 que passa por Antofagasta e segue para Santiago do Chile, o amigo pode descer um pouco mais que 70 km de Antofagasta para conhecer a Mão do Deserto que é simplesmente fantástica e icônica.

Depois desta visita seguimos para San Pedro de Atacama e de lá rumo à Argentina via Paso de Jama. Aqui convêm encher o tanque, pois o próximo posto é depois da Aduana da Argentina cerca de 170 km de San Pedro.
Aqui o amigo vai percorrer a Ruta 27 que sobe até 4.400 m de altitude e dependendo da época, fica interditada por conta do gelo que forma camadas com mais de 5 metros de altura.
Passamos uma semana depois de a estrada ter sido bloqueada por 5 dias e ainda tinha muito gelo no acostamento... é foto boa na certa.

A pista é uma delícia com muitas curvas, mas que é possível fazer em alta... mas cuidado com a polícia Chilena, os caras levam as leis muito a sério e não tem jeitinho brasileiro não.

O preço do combustível foi um dos mais altos nesta viagem, aliás, como tudo no Chile que é muito caro, pagamos cerca de R$2,50 L (US$ 1,50 – cotação de R$1,65) e mais uma vez é possível encontrar três tipos de octanagem, a 93, 95 e 97.

Argentina – 7 dias – 1.900 km
Ruta 52 | Ruta 16 | Ruta 12


A primeira ruta que encontramos foi a Ruta 52 que segue até Jujuy.
Ela é linda em meio a Cordilheira dos Andes que nesta região oferece o Salar Grande, uma área gigantesca de sal e os cactos gigantes que não deixa nada a desejas de outras regiões do Atacama, aliás, esse trecho também faz parte do deserto.

Na região de Purmamarca há uma grande descida e a variação de altitude cai de 3.900 para pouco mais de 2.000 m – esse trecho quando feito em sentido oposto gera o Mal de Puno nos amigos motociclistas, isso por que o espaço a ser percorrido é muito curto e a altitude muito acentuada... e esqueça de marcar folha de coca, você só vai ficar com os dentes verdes.
O cenário mais uma vez é lindíssimo e a pista lisa, lisa, lisa.

Mas esse paraíso tem um revés e ele se chama Ruta 16!
Ô estrada chata. Além do asfalto que em muitos trechos é completamente irregular chegando quase a arremessar a garupa como banco injetor, as retas são intermináveis e a oferta de combustível quase inexistente.
Na região do chaco argentino, os “postos de serviços” são abastecidos aos sábados e geralmente no domingo não há mais “nafta”, isso por que as cidades sabem que só depois de uma semana haverá bomba cheia!
Passamos um sufoco para conseguir combustível, então a dica é parar em todos os postos do caminho mesmo que a última parada tenha sido a meros 5 km.
Outro detalhe... nada de cartão, os caras só aceitam “efetivo” ou seja, grana.

OS preços praticados na Argentina andaram na média de R$2,05 L (US$1,24 - cotação a R$1,65). Os tipos ofertados são Normal ou Grado 1 (85 octanos), Super ou Grado 2 (95 octanos) e Fangio XXI ou Grado 3 a famosa gasolina azul não muito recomendada por conter chumbo e os motores brasileiros não estão preparados para essa alta mistura... mas relaxe, nos outros tipos também existe chumbo então opte pela menor octanagem.

* Consulte o artigo anterior

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