RODANDO AS CIDADES DO PARAGUAI
Quando comecei a comentar com amigos que cruzaria o Paraguai de ponta a ponta, alguns amigos fizeram cara de paisagem e outros me questionaram por que eu faria tal burrada.
O amigo Atie Cury (Buena Vista MC) foi taxativo ao dizer que não valia à pena passar por este país, mas como nosso projeto previa percorrer o Caminho do Peabiru e o mesmo cruzava o Paraguai, lá fomos nós!
A recepção na Aduana e Migração em Salto Del Guairá foi seca e rápida, logo nos deram o “Premisso” e seguimos viagem.
Poucos km à frente fomos parados pela Policia Caminera que após conferir a documentação começou a falar sobre o tráfico de drogas, operações de combate a narcotráfico e outras propagandas dos feitos policiais paraguaio com direito a fotos dos traficantes com os miolos estourados no chão. Muitas fotos de embrulhar o estomago, e com um detalhe, a máquina fotográfica em posse do policial era do traficante morto nas fotos!
Passada esta aula instrutiva, seguimos viagem até sermos parados em Emboscada – olha o nome da cidade – e subornados em cerca de R$380,00. Os argumentos para a multa foram dos mais absurdos possíveis, desde o farol apagado – quem tem Suzuki sabe que bateu a chave o farol acende – até excesso de velocidade registrado em radar, isso por que mal existe estrada. Depois de ter a multa inflacionada para um milhão e meio de Guaranis, pagamos novecentos mil e finalmente pudemos chegar em Asuncion.
A cidade é um caos e o aspecto de periferia vai até a praça central. Ao lado de monumentos importantes e prédios Governamentais como o Palácio Legislativo existe uma favela bem na porta, para se ter idéia do cenário. Mesmo assim não sentimos perigo ao caminhar pela cidade, mas também não arriscamos caminhadas noturnas.
Outra frustração se deu por conta dos monumentos fechados para reforma. Na época o Paraguai se preparava para as comemorações dos 200 anos de Independência e todos os pontos turísticos que queríamos visitar estavam cercados de tapumes e andaimes.
Assaltados pela polícia e com uma capital fechada para reforma, a nossa única alternativa era seguir viagem e cancelar os dois dias previstos para turismo na cidade.
Colocamos as motos na Ruta 9 e rumamos para Filadelfia no meio do Chaco Paraguaio.
Esse trecho em especial foi muito tedioso. Uma reta sem fim que começou com um bom asfalto até literalmente acabar.
Não existe praticamente nada por longos 750 km, exceto Filadelfia e Mariscal Jose Felix de Estigarribia onde se encontra a Migração e Aduana. Deste ponto em diante o asfalto começa a faltar e dá lugar a enormes buracos cobertos de areia fina que requer muita atenção e velocidade reduzida. Foram cerca de 2 horas para percorrer 100 km até o ponto em que a estrada virou um areião impossível de se continuar. Conferindo no mapa mais tarde soubemos que a Ruta 9 seguiria assim por mais 135 km até a fronteira com a Bolívia.
Por sorte ou não, viramos à esquerda e seguimos um asfalto novinho até Mayor Infante Rivarola quando mais uma vez a estrada acabou na Aduana Boliviana.
Nesta rota rodamos cerca de 280 km sem um posto de gasolina sequer, então, convém levar galão de combustível caso sua moto tenha baixa autonomia.
Com relação a pontos positivos da nossa passagem pelo Paraguai, é difícil relacionar. Não temos reclamação quanto ao atendimento em hotéis e restaurantes, mas também era só faltava isso!
É chato, mas tenho que concordar com vários amigos, fazer o que no Paraguai se dá para desviar?
Talvez se tivéssemos encontrado os pontos turísticos abertos, nossa opinião seria diferente, mas com tudo o que passamos, não pretendemos voltar para conferir!