ATÉ BREVE PERU...
Cidade: Arica/CH | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 12/9/2015
Deixamos Arequipa sem despregar os olhos do retrovisor.
É uma cidade encantadora, repleta de pontos turísticos interessantes e muito por se conhecer nas redondezas.
Moraríamos facilmente nela, se não sofrêssemos da “Síndrome do Eterno Viajante”.
Queremos conhecer muitos lugares, e estabelecer residência fixa por enquanto não faz parte dos planos... mas quem sabe um dia.
O objetivo hoje era seguir até a cidade de Arica no Chile, a primeira cidade depois da fronteira, e o caminho já conhecíamos da viagem de 2011 e mais recentemente neste Projeto, quando subíamos para a Colômbia, porém foi feito à noite, pois saímos de Putre e perdemos mais de 2 h na Aduana.
Motocamos com neblina, uma fraca chuva e a noite, portanto somente algumas lembranças de anos atrás era o nosso guia.
A Panamericana Sur entre Arequipa e a fronteira é assombrosa e diferente de qualquer cenário ao longo do Peru.
As retas se estendem em meio ao nada, uma paisagem completamente desprovida de vegetação, com colinas de areia e poucas pedras, com a Cordilheira dos Andes nos seguindo ao fundo no mais completo vazio.
Até a estrada é vazia.
Se ultrapassei dez caminhões durante o trajeto, creio que esteja exagerando.
A viagem se desenrola num verdadeiro deserto de gente. Pouquíssimas cidades que resumem-se a Moquegua e Tacna.
Entre as curiosidades do caminho, estão os campos de treinamento da Aeronáutica Peruana que avisa em placas na estrada que é proibido parar, fotografar e previne para que se tome cuidado, pois há risco de explosão.
A placa que avisa isso apresenta um Caça despejando bombas!
Já imaginou a cena... um Caça dando um rasante e soltando vários mísseis?
Pois é, não demos sorte de ver isso.
Com os retões é preciso ficar atento ao velocímetro, pois sem referências nos cantos da estrada, como árvores, postes ou outros objetos fixos, facilmente se entorta o cabo sem perceber.
Eu mesmo me flagrei por duas vezes rodando a 180 km/h com a sensação de estar no máximo a 130 km/h.
Tirando o fato que é uma infração em uma estrada praticamente deserta, o problema maior é o fato que existem poucos postos de combustível, cerca de um a cada 100 km, então é bom economizar, até por que os ventos laterais e frontais aumentam o consumo da motoca.
Mas nem tudo é reta vazia nesta estrada espetacular, vários trechos de serra e túneis surgem do nada, e vales verdes por onde correm rios, mudam o cenário num passe de mágica.
É uma viagem longa, apesar dos poucos quilômetros e dificuldade baixa, já que o asfalto é bom.
Foi engraçado ver tanto deserto, quando minha percepção ao fazer esse mesmo caminho rumo ao norte, a noite e sob neblina, me dizia que eu estava percorrendo uma região com muito verde.
A escuridão que eu via não era de florestas... era do vasto nada que existe ali.
Mais engraçado ainda foi encontrar os amigos Guilherme e Flávia no meio da estrada.
A primeira vez que nos encontramos foi em 2012 quando eu subia do Ushuaia rumo à El Calafate e eles seguiam rumo aoFfim do Mundo.
Dali uma semana, quando eu subia a Ruta 40 para Bariloche, mais uma vez nos cruzamos na estrada.
Eles moram em São Paulo, cerca de 70 km da minha casa e tirando o Salão Duas Rodas em que eles apareceram no stand do Diário de Motocicleta para me dar um abraço, se marcássemos uma pizza, provavelmente não conseguiríamos nos encontrar... mas ali, no meio da Panamericana Sur, conforme previsto anteriormente pelo Facebook, avistamos eles com mais 4 motos seguindo no sentido contrário.
Paramos para abraços, fotos e informações.
O destino deles é Machu Picchu... o nosso mais Vulcões Andinos.
Voltaremos a nos encontrar no Salão Duas Rodas e com certeza em alguma estrada por ai a fora... mas por enquanto, seguimos para Arica, passando rápido por uma Aduana tranquila e perdendo duas horas por conta do fuso horário.
O Chile tem o mesmo horário do Brasil, e quando cruzamos a fronteira, as 17h viraram 19h e só uma boa noite de sono nos colocará nos eixos novamente.
Vamos descansar um dia, cumprir alguns compromissos on-line e continuar nossa viagem.