SUBINDO A CORDILHEIRA ATÉ 4.496M

7º dia de viagem
Cidade: Tomarapi/BO | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 9/8/2015
Diário de Motocicleta

Conseguimos sair cedo de Cochabamba, graças a companhia do nosso amigo Luis Fernando, que tinha compromisso em La Paz e nos acompanharia por mais um trecho de estrada.

Saímos todos pra a pista e mais uma vez pegaríamos a Ruta 4, a mesma da fronteira com o Brasil, mas antes precisávamos atravessar o trânsito caótico da cidade – congestionamento não é uma invenção dos Paulistas.

Cerca de 50 km depois estávamos na estrada começando a subir a Cordilheira dos Andes, agora sem vegetação alguma, na pedra in natura e com um tráfego de caminhões razoável, que não chega a estressar e nem deixar a viagem lenta.

A pista é boa e o visual simplesmente fantástico.
Eu sempre fico emocionado em rodar pela Cordilheira dos Andes por que é curva a rodo e a paisagem nos faz ficar pequenos e nos mostra a mais pura realidade... somos insignificantes diante das forças da natureza.

Estas montanhas incríveis estavam ali muuuuito antes do meu nascimento, e permanecerão quase uma eternidade depois da minha partida.
É quase um consolo deixar meu rastro por estas estradas.


A medida que fomos subindo a temperatura foi caindo e a primeira placa dizia 4.102 m de altitude, mas a cereja do bolo viria alguns km depois quando alcançamos o La Cumbre com seus 4.496 m de altura.

Neste ponto eu estava na mais pura adrenalina, gritando dentro do capacete, pensando em um monte de amigos que eu poderia levar até ali, e desejando que tantos outros possam um dia atingir este ponto.

Paramos para fotos, gravar vídeos, colar adesivos e apreciar a paisagem.
Foi inesquecível.

Registro feito, voltamos para ruta e começamos a descer, mas não muito, fomos aos 3.800 m que é basicamente a altitude do Altiplano Boliviano.
É engraçado ver ao redor montanhas baixinhas, mas que na verdade estão com seus cumes na casa dos 4 ou 5 mil metros. Neste momento podemos dizer que estamos motocando em cima da Cordilheira dos Andes.

Em Caracollo, onde a Ruta 1 que vem de Oruro encontra com a Ruta 4, não encontramos postos com combustível, o jeito foi rodar por mais uns 90 km até Patacamaya, para mais uma vez nos depararmos com postos vazios.
Acabamos abastecendo em uma Loja de Lubrificantes e aproveitamos para nos despedir do Luis e de seu filho Leo, pois a partir dai, eles seguiriam para La Paz e nós para o Parque Nacional Sajama.

Foram cerca de 1.400 km em companhia desde amigo que nos recebeu tão bem na Bolívia, nos apresentou para o Ducati Club Bolívia e se dispôs a fazer um City Tour por Santa Cruz, que a tristeza nessa hora era inevitável e que levou a Elda às lágrimas por detrás dos óculos escuros.

Dali pra frente éramos apenas nós dois, e seguimos em frente rumo ao nosso primeiro vulcão que mesmo com aproximadamente 200 km de distância, já era possível ver o seu cume.

De volta a Ruta 4, seguimos até a entrada do Parque Sajama contemplando desde 150 km os Vulcões Parinacota e Pomerape, que ficam na divisa da Bolívia com o Chile.

Entrando no Parque, foram 20 km de estradinha de cascalho em meio uma temperatura que foi caindo cada vez mais, proporcionalmente a altitude que foi subindo.

Quando chegamos no EcoLodge Tomarapi, 442 km depois, já passávamos das 16h30 com um frio de lascar e numa altitude de 4.200 km, que mais tarde me derrubaria... mas sobre isso eu falo no próximo artigo.

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