RASGANDO O MATO GROSSO DO SUL

2º dia de viagem
Cidade: Corumbá/MS | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 3/8/2015
Diário de Motocicleta

A Elda sempre diz que sou pontual somente quando guio grupos, e duro que ela tem razão, mas o atraso de hoje se deu por problemas técnicos no site... perdi boas horas da manhã ajustando detalhes de programação no site, o que nos levou para estrada somente às 10h30 – horário local em Três Lagoas, que tem fuso de uma hora a menos que o Estado de São Paulo.

Sob um céu azul e sem nenhuma nuvem, partimos para estrada com a missão de rasgar o Mato Grosso do Sul em um dia, rodando 735 km.
Não é do nosso feitio rodar dois dias seguidos grandes distâncias, mas como nosso objetivo ainda está longe, planejamos rodar esses 1500 km em duas etapas, e mesmo com o cansaço do dia anterior... largamos de ”mimimi” e fomos motocar.

Acessando a BR-262 de ponta a ponta, o inicio dela foi tenebroso, com muitos caminhões transportando madeira, carros fazendo ultrapassagens em locais proibidos e um asfalto pra lá de remendado que colocou à prova a suspensão eletrônica da DUCATI Multistrada... e olha, hoje a coitada trabalhou.

Foram cerca de 100 km em péssimo estado, passando para ruim nos 200 km seguintes. O engraçado era observar as placas que diziam “Pista sem acostamento nos próximos 20 km” quando na verdade foram quase que todo o trecho rodado hoje.

Outra placa frequente era " Atenção, trafego de caminhões nos próximos 10 km”, na boa, quem manda fazer essas sinalizações deve estar em um escritório com ar condicionado acessando o Google Maps... o fluxo de caminhões é pela estrada toda, e além de reduzir a velocidade, requer muito mais atenção nas ultrapassagens, já que além de remendada, a estrada é vicinal e má sinalizada.

Cá entre nós, depois de ter rodado a BR-319, eu deveria ser o último cara a reclamar de estrada ruim, mas a verdade é que além do fator segurança, pilotar em um asfalto tão irregular causa não só desgaste físico, como mental, já que não se pode relaxar um segundo sequer e curtir a paisagem.

Mas aprendi que não existe inferno que sempre perdure, e depois 350 km aproximadamente, passando Campo Grande e Terenos, entramos no Pantanal e a estrada ficou um tapete, com asfalto pretinho e faixas muito bem pintadas.

A paisagem neste ponto muda drasticamente e os campos desmatados para criação de gado dá lugar para árvores que vejam só, chegam até perto da estrada e oferecem sombra... quase surreal.

As retas dão lugar as curvas e o trem fica divertido, apesar da grande quantidade de radares e velocidades de 80 a 100 km/h permitidos.

Nesta brincadeira o dia foi passando e o Sol abaixando, trazendo a tona uma preocupação que me assombrava dentro do capacete – rodar no Pantanal a noite.
A quantidade de animais mortos na beira da estrada davam o alerta que se um Tamanduá Bandeira ou uma Capivara cruzasse o nosso caminho na hora errada, dificilmente eu estraria escrevendo esse post.

A noite caiu, a velocidade diminuiu e a atenção foi redobrada e graças a Deus chegamos bem em Corumbá depois de rodar 775 km (50 km a mais que o informado pelo Tio Google) por volta das 19h30 – horário local.

Agora vamos usar um dia para trâmites de aduana, que por estas bandas costumam demorar muuuuuito, e só no outro dia seguiremos Bolívia a dentro.

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