SEGUNDO TROFÉU PERRENGUE DO DIA
Cidade: Montevidéu/UR | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 14/6/2014
Depois de um dia de Sol rachando o céu... a manhã surgiu chuvosa e fria.
Não reclamo de pegar chuva na estrada, mas sair do hotel debaixo de água me dá preguiça.
Essa situação me fez enrolar um pouco a partida, e aproveitei par sacar Reais do banco para efetuar câmbio no Chuí.
Nesse meio tempo a chuva cessou, mas foi colocar a roda na estrada e o molho caiu.
O dia era cinza até o fim do horizonte, e por estes lados do Rio Grande do Sul não existem morros e colinas... apenas um pampa extenso que por onde olhava, via apenas chuva.
O roteiro era bem simples, coisa de 600 km até Montevidéu, com paradas na Fortaleza de Santa Tereza e Mão do Afogado em Punta Del Este. Mas como na prática, a teoria é outra, sabia que com aquela chuva e uma quantidade incomum de caminhões nestas estradas, certamente me atrasaria.
O que eu não contava era com mais uma premiação “Troféu Perrengue do Dia”... estou virando celebridade e ficando mal acostumado... dois prêmios em dois dias de projeto... eu não mereço tanto.
Mas, por que reclamar?
Recebi essa homenagem através de gasolina adulterada, e mesmo percebendo desde o início, demorei a duvidar.
A DUCATI Multistrada 1200 S tem um marcador que indica quantos KM você ainda pode percorrer com a gasolina que há no tanque. Isso é fantástico e me fez abandonar qualquer marcação em papelzinho que sempre fiz.
Com o tanque cheio, a primeira informação que surge é 360 KM de autonomia, porém, bastam algumas trocadas de marcha para o computador analisar a combustão e lhe fornecer, de acordo com a sua velocidade, o tempo de viagem restante. E assim eis que surge 245 KM de autonomia.
BINGO! Gasolina safada no tanque... e não há o que fazer?
Vai me dizer que você retornaria ao posto e mandaria esvaziar o tanque?}
Já que lá tá... que "lateje"!
Segui viagem um pouco tranquilo, já que a velocidade não passava de 100 km/h por conta da chuva e trânsito.
Cruzei a Reserva do Taim constatando a enorme quantidade de animais mortos na beira da estrada e gado pastando em área florestal... enquanto isso a autonomia foi baixando, baixando até que para o meu desespero o marcador apresentou 0KM de autonomia.
Imediatamente reduzi para 40 km/h e liguei o pisca alerta, já que a BR-471, famosa por suas longas retas, não possui postos de combustível e o único por qual passei estava fechado.
Andei uns 15 km nesta situação até que avistei um posto de gasolina.
Pensa num cabra feliz! Eu gritava dentro do capacete e dava gargalhadas até que entrei no posto e comecei a notar as bombas desligadas.
Nisso, o proprietário veio informar que não tinha licença para trabalhar e estava fechado, mas que em 10 km havia outro posto.
Eu não tinha 10 km!
Tentei comprar gasolina do carro dele, mas apesar de dar boas sugadas no tanque, parece que ele também não tinha gasolina.
Tentamos em vão ligar para um motoboy sem sucesso e a alternativa foi voltar para pista e tentar a sorte.
Foram os 10 km mais longos e demorados da minha vida, mas consegui chegar à Santa Vitória do Palmar e abasteci 18,85L... me restavam um litro para pane seca.
Esse prêmio me consumiu quase 2h30 do meu dia, e ainda tinha que adquirir a Carta Verde, que pela primeira vez comprei no Chuí (US$ 52,00 por 5 dias) e troquei Reais em Dollar e Pesos Uruguaios.
A passagem pela fronteira foi tranquila como sempre... os Uruguaios são educados, simpáticos, sorridentes e tratam muito bem os brasileiros... ao menos nunca tive problemas.
Na Ruta 9 a caminho de Montevidéu parei na Fortaleza de Santa Maria para uma rápida visita, pois já estavam fechando e tive que pular Punta Del Este, pois quando passei já estava de noite... vou voltar por este mesmo caminho para mais fotos e filmagens.
Tive que pilotar novamente com a viseira aberta, mas me informaram que não posso acumular prêmios repetidos... já ganhei o ” Troféu Perrengue do Dia” por este feito... agora estou por conta e fora da premiação.
Cheguei ao Hotel por volta das 22h após 630 km... agora é tentar dormir mais do que 4h e preparar as coisas para um dia de turismo.
Seguimos daqui... e você, está ai?