NA ROTA DOS CAMINHÕES
Cidade: Campo Grande/MS | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 22/9/2013
Dia movimentado no nosso roteiro entre Cuiabá/MT até Campo Grande/MS.
Por conta da estrada, muito simples... seguir a BR-163 que em alguns trechos também é chamada de BR-364... sem novidades... até falarmos a palavrinha mágica – “Caminhões”.
Saímos tarde da pousada por conta de prosa com a proprietária muito simpática que acabou nos dando um desconto na estadia. Já passavam das 10h30 quando colocamos a motoca na rua e penamos para conseguir chegar na estrada por conta dos diversos desvios pela cidade em obras.
Creio que levei pelo menos uma meia hora para finalmente engatar a sexta marcha e partir.
Porém essa marcha alta não durou muito tempo e logo voltamos para segunda, terceira e com sorte quarta marcha. Isso por conta dos caminhões que infestaram a BR.
Para distrair a mente, resolvi contar os caminhões ultrapassados, mas juro que no centésimo quinto comecei a me confundir e desisti da brincadeira.
As ultrapassagens sempre foram difíceis, pois na contra mão o fluxo de caminhões era maior que o da minha pista, e isso nos fazia ficar em procissão por longos km.
Para se ter ideia, passadas 4h de viagem, o velocímetro marcava apenas 200 km, indicando que o dia seria longo.
Chegando em Rondonópolis, que não fica em Rondônia e sim no Mato Grosso, presenciamos um acidente com um caminhão carregado de madeira que ardia em chamas no meio da estrada, logo depois de um trevo, retorcido e com a carga espalhada, tinha já o atendimento dos bombeiros na contenção do incêndio. Não vimos corpo e tão pouco uma ambulância, então fizemos votos de que ninguém tivesse se ferido com gravidade.
Desse trecho em diante o número de caminhões diminuiu, mas não acabou sobre o asfalto velho e rachado, com algumas imperfeições, mas que possibilitavam o “entortamento do cabo”.
O riscado da estrada é bem gostoso, com poucas retas longas e muitas curvas, o que tornam mais divertida a motocada.
A floresta a muito tempo "cedeu" lugar para as plantações e os descampados, depois da colheita oferecem corredores de ventos que complicam a pilotagem... mas sem grandes riscos como na Patagônia.
Ao cruzarmos a ponte do Rio Corrente, entramos no Mato Grosso do Sul e logo o asfalto mudou de cor, de cinza queimado pelo Sol para um tom preto novinho, porém a qualidade do mesmo continuou igual, com ondulações bem chatas e alguns buracos rasos, bem a parte nova da pista descascando.
Mais adiante, antes do anoitecer, presenciamos um quase atropelamento de um motociclista.
Atrás de um caminhão, quando dei uma olhada para ver a possibilidade de ultrapassagem, vi que entraríamos em uma curva fechada para direita e retornei para o canto do acostamento.
Neste momento vi uma moto a uns 50 metros à nossa frente e não demorou muito para as luzes de freio do caminhão acenderem. Estávamos a uns 80 km/h.
O caminhão freou com mais força em cima do motociclista novamente em uma curva e pude constatar que era uma Hornet pilotada na maior tranquilidade, coisa de uns 60 km/h.
Vendo o caminhão colado e freando cada vez mais em cima, o motociclista resolveu sair para esquerda e dar passagem no exato momento em que o caminhoneiro pensou em ultrapassar a moto.
Foi uma cena desesperadora passar pelo caminhão “perseguindo” a moto na faixa contrária e ambos andando pelo acostamento da outra pista. O caminhão freando e tentando voltar enquanto o rapaz da Hornet ao invés de acelerar, ficava olhando para trás e para frente.
Finalmente o caminhão voltou para sua pista e o motociclista branco parou no acostamento.
Fica aqui a reflexão para aqueles que acham que andar devagar é seguro.
Chegamos a Campo Grande por volta das 19h40, depois 9h percorrendo 720 km.
Agora vamos recuperar as forças para mais uma pernada até Foz do Iguaçu.