ENTRE VALES E SERRAS NO SERTÃO
Cidade: Teresina/PI | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 31/8/2013
Nossa saída de Fortaleza demorou mais tempo que o previsto por conta do trânsito gerado pela manifestação da CUT se bem via as bandeiras, e pela demora em chegar em uma agência dos Correios despachar 4,5kg de bagagem que não estavam mais sendo usadas.
Isso nos colocou na estrada rumo à Teresina/PI ao meio dia, sob um Sol forte e bafo quente.
Seguimos pela BR-222 que passa por dentro de Caucaia e segue em uma estradinha vicinal quase que rural, estreita com todo o tipo de veículo transitando, menos jegue que foi substituído por motinhas de 50cc... aliás, tirando pouquíssimos motociclistas, apenas eu e a Elda usávamos capacete... botas então, naquele momento acho que éramos os únicos no estado do Ceará.
Isso é preocupante, principalmente em Fortaleza onde existe muita moto nas ruas, inclusive com a atividade de moto táxi regulamentada... depois falarei sobre isso, inclusive entrevistamos um moto taxista muito gente boa.
Voltando para estrada, a BR-222 está perfeita, um verdadeiro tapete apesar de cerca de 15 km (não contínuos) de grandes buracos entre as cidades de São Luís do Curu e Umirim... ali a coisa tá feia e não dá para entender o "por que" do nada, o asfalto liso e perfeito se torna trecho que visivelmente não foi tocado.
O fato é que não tem outro jeito a não ser reduzir e passar com calma por buracos com areia e pedra, o que tornam a “travessia” mais complicada com garupa e bagagem.
Passado esse momento "mala", a BR-222 volta a ser tapete e a paisagem que já apresentava montanhas rochosas, vai mudando cada vez mais e o que antes eram campos, tornam-se vales incrivelmente lindos e surpreendentes. Nunca poderia imaginar que no sertão haveria uma mini Cordilheira com imponentes pedras brotadas do chão.
O lugar me remeteu à Bolívia onde passamos em 2011... as montanhas de pedras, a vegetação seca e marrom... a terra e a pobreza na beira da estrada, com construções simples e um povo perambulando com animais, galões de água e olhares vazios me pareceu extremamente familiar.
Isso tudo trouxe silêncio dentro do meu capacete, apesar do vento lateral que vez outra nos varria.
Entre Forquilha, onde abastecemos, e Sobral, ficamos parados cerca de 30 minutos esperando a rodovia ser aberta, pois neste trecho de 11 km a pista está parcialmente fechada para recapeamento de mais ou menos uns 40 cm de nova estrutura entre areia, pedra e asfalto... vai ficar uma beleza igual o restante da estrada, mas por hora causa transtorno e espera.
Porém, cerca de 70 km depois a grande recompensa do dia... a Serra de Ibiapaba de Tianguá, linda, no meio do nada, forrada de coqueiros subindo e formando um vale no fim da tarde, era o cenário perfeito para marcar esse dia de viagem.
Pena eu ter notado o cartão cheio da filmadora quase no fim da serra, mas ainda garanti o seu finalzinho e a passagem por Tianguá repleta de buracos e estruturas de viadutos que pela qualidade do asfalto no entorno, e a sujeira acumulada, foi deixada de lado há muito tempo.
A partir dai a trade cedeu, a noite chegou e a preocupação com animais na pista aumentou.
São muitos porcos, jegues e cabras na beira da estrada, porém poucos corpos... sinal que os bichos estão espertos, muito mais que os Guanacos na Patagônia... esses camelídeos são completamente idiotas e morrem presos nas cercas que dividem a estrada dos campos... mortos por atropelamento então... dezenas.
Aqui não vi nenhum porco esmagado, mas mesmo assim redobrei a atenção proporcionalmente a mão que ficou mais leve.
Entramos no Piauí no começo da noite pela BR-343, tão perfeita quanto a BR-222 e com uma vantagem, sem buracos ou obras.
Abastecemos pela última vez em Campo Maior e em 80 km já estávamos instalados depois de 8h de viagem, onde percorremos cerca de 620 km lindos e tranquilos.
Vamos ficar um dia em Teresina por conta de compromissos com o Diário de Motocicleta e seguiremos amanhã rumo a Belém.
Curtam as fotos e aguardem os vídeos!