RODANDO A PRÉ CORDILHEIRA
Cidade: Bariloche/AR | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 28/12/2012
O caminho de Esquel até Bariloche pode ser resumido em apenas dois números... 2 baterias da GoPro zeradas e mais de 14 Gb de filmagem.
Sabe aquela estrada que quando você acredita que já viu o cenário mais lindo a estrada vira para direita e você volta a babar dentro do capacete? Pois é, cheguei com a blusa da Go Ahead molhada.
Na saída de Esquel – que também é um Centro de Ski badalado por estas bandas – a Ruta 40 parece meio sem graça, embora com muitas curvas.
Neste trecho o relevo ainda é de pampas, mas com colinas que são moldadas pelos ventos que lhes dão formas suaves e arredondadas. A Cordilheira ao longe apresenta alguns dos seus picos nevados e a estrada segue em paralelo sem muito sinal de que tudo irá mudar.
Museu Leleque
Passados 100 km encontrei o Museu Leleque, que um motociclista argentino chamado José me indicou na saída de Esquel. Como o dia era tranquilo, pouco menos de 300 km, resolvi entrar para conferir.
A Estância Leleque tem 2 km de rípio fofo que me deu um baile para chegar, mas valeu a pena. Com entrada de apenas $10,00 Pesos (R$4,50) é possível conhecer um pouco da história dos Tehuelches, tribo que habitava a Patagônia com ancestrais de mais de 13.000 anos.
Os Tehuelches foram os primeiros índios com o qual Fernão de Magalhães teve contato ao chegar ao Sul da Argentina em 1520. Ele se espantou com o tamanho das pegadas que havia encontrado e, posteriormente, deve ter tido um mini ataque cardíaco ao se deparar com os 2 m de altura dos Tehuelches. Perto dos europeus com seus 1,50m em média, eles eram gigantes.
O nome Patagônia vem dai, que segundo lendas, "patagons" eram pés grandes, monstros gigantes, de onde Fernão de Magalhães se inspirou para batizar esta região.
Infelizmente não se pode fotografar e nem filmar dentro do Museu, então tive que usar de toda a minha habilidade de espião para reunir algumas fotos para vocês.
O Museu vale a parada e as peças encontradas neles são incríveis. Em 4 salas, o visitante pode conhecer seus hábitos e costumes, o contato com os europeus, a decadência, pobreza e alcoolismo e por fim sua extinção.
Voltando para a estrada, faltavam os mais longos 200 km da minha vida.
Não conseguia avançar 10 km sem parar para fotografar as incríveis curvas e paisagens que foram se modificando cada vez mais e arrancando gritos no silêncio do lugar.
Nesta altura da viagem, os campos arredondados dão lugar a Pré Cordilheira, onde as montanhas começam a ficar escarpadas e cada vez mais altas e coladas na estrada.
De El Hoyo até Bariloche, achei que não conseguira chegar. Cada vez que eu desligava a GoPro o cenário ficava magnífico, me obrigando a parar, dar meia volta e começar a filmar trechos que já tinham passado. Para se ter ideia das idas e vindas, dos 285 km previstos, rodei 404 km.
Os Lagos Guillermo e Mascardi dão até raiva de tão fantásticos, com um visual indescritível, ainda mais com a luz do Sol baixando sobre ele.
Acho que consegui as melhores filmagens da viagem até agora... se o DVD ficaria legal, agora ficou TOP. Aguardem!
Agora é conhecer Bariloche sem neve, mas com um pouco de frio e seguir viagem no primeiro dia do ano!