PONTE PÊNSIL
Postado em: 3/6/2012
De fama internacional, o cartão-postal número um de São Vicente, a Ponte Pênsil, foi a primeira do gênero construída no Brasil, batizada com o nome do engenheiro-sanitarista que a projetou, Saturnino de Brito.
Desde 1532, quando Martim Afonso de Souza desembarcou na Ilha de São Vicente, o acesso ao continente, era feito por meio de pequenas embarcações. Os povoadores que o seguiram, continuaram durante quase quatro séculos, a travessia da mesma forma.
No início do século XIX, já se tornava necessária uma ligação mais rápida com o Litoral Sul. As pequenas vilas cresciam e a Praia Grande se transformara em importante centro de pesca.
Em 1905, Saturnino de Brito e engenheiros, estudavam como fazer atravessar para a Praia Grande os esgotos que deviam ser lançados ao longo do morro do Itaipu.
Em 1906, tiveram a idéia de se construir uma ponte-suporte sobre o Mar Pequeno, já que em 1883 havia sido inaugurada, em Nova York, a Ponte do Brooklin, com vão de 480 metros.
Em 1909, outra ponte pênsil era inaugurada com sucesso nos Estados Unidos: a de Manhattan, com um vão de 442 metros. Então, decidiu-se, que a ligação São Vicente-continente seria também uma ponte pênsil.
Em 1910, a Comissão de Saneamento de Santos contrata a elaboração de projeto da ponte, com a firma Trajano e Medeiros & Cia., em consórcio com uma firma de Dortmund, Alemanha.
O engenheiro alemão Augusto Kloene é o autor do projeto que previa um vão de 180 metros entre torres, com 6,4 m de largura e 5 m de altura acima da maré máxima. A construção dos pontilhões começa em 1911, de ambos os lados. As peças metálicas e estrados de madeira da ponte são transportados entre 1912 e 1913, por dez navios alemães.
Na ensolarada manhã do dia 21 de maio de 1914, vinte automóveis vindos da Capital, trazendo elegantes senhoras e senhores descem rumo ao litoral, para participar da festa de inauguração da Ponte Pênsil.
Entre os convidados, estavam Washington Luiz, prefeito da capital de São Paulo e futuro presidente da República; o Governador do Estado de São Paulo, Francisco de Paula Rodrigues Alves, e o vice, Carlos Pereira Guimarães; o prefeito de Santos, Joaquim Montenegro; o prefeito de São Vicente, Antão Alves de Moura; o pintor Benedito Calixto; o jornalista Afonso Schmidt e o sanitarista Saturnino de Brito.
Ocorreu então o primeiro congestionamento. O número dos que desejavam transpor a ponte era demasiado para sua capacidade. E, curiosa e fatalmente, houve o primeiro acidente: um motociclista da capital bateu na traseira de um coche e caiu, fraturando o crânio.
Em 1934, um jovem atravessou a ponte galopando à cavalo. Aquilo provocou discussões e protestos, e a Repartição de Saneamento dirigiu-se energicamente às autoridades de trânsito, afirmando que a trepidação provocada pelo galope do animal poderia danificar a obra.
Exagero ou não, o certo é que os cuidados, a manutenção e conservação da ponte eram preocupação constante.
E com razão. Dois anos após a inauguração, os técnicos notaram que a ponte estava envelhecida. Ela foi pintada e passou a receber nova pintura a cada dois anos.
Na década de 1960 e início de 70, os cuidados se intensificaram. Reforços nas bases, novas pinturas, mas mesmo assim, chegou-se a pensar em interdição da ponte.
A idéia foi descartada, pois traria grandes prejuízos a todo o Litoral Sul. Quando completou 80 anos, em 1994, a famosa ponte, tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arquitetônico e Artístico Nacional (Condephaat), ganhou um sistema de iluminação que a destaca à noite do cenário vicentino.
Em 1999, sofreu nova reforma, preparando-a para continuar suportando o tráfego de veículos do nosso século XXI.