15º DIA - ENFIM... CHEGAMOS EM SUCRE

15º dia de viagem
Cidade: Sucre/BO | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 14/8/2011
Diário de Motocicleta

Depois de pouco mais de 4h de sono, levantamos para nossa quarta tentativa de chegar em Sucre.

Estávamos perto, coisa de 150 km, mas tínhamos receios quanto às informações que nos foram passadas, aliás, informação na Bolívia é uma coisa complicada... por diversas vezes nos foram ditas distâncias e qualidade de asfalto que não correspondiam.
Coisas do tipo “o piso é de asfalto” e acabamos rodando a noite toda em terra! Mesmo as placas de trânsito informam cidades distantes 90kms, quando na verdade estão a 130 km. Isso é crucial para o planejamento de abastecimento.

O prognóstico é que rodaríamos mais 50 km pela Ruta 5 em estrada de terra, mas depois pegaríamos asfalto.
Então lá fomos nós para terra e areia em direção a Sucre. 

Rodar na Bolívia não é fácil, o país passa por reformas e construções, mas até o presente momento pouca coisa vimos concluídas e outras longe de ficarem prontas... enfim! 60 km depois, cadê o asfalto? 

Já estávamos rodando há cerca de 10 km paralelo a estrada mas dava para ver que faltavam as pontes, ou seja, impossível de trafegar. 

Parei um caminhoneiro na estrada e perguntei sobre Sucre, e novamente tive uma informação que não batia... ainda teríamos mais uns 85 km de estrada de terra até Sucre. 

Ficamos preocupados com o combustível e tão logo avistamos um vilarejo, paramos para comprar gasolina. 
No bar/restaurante/hotel haviam três breacos que gritaram BRASIIIL assim que nos viram e logo informaram que a 1km começaria o asfalto!!

Pára! 

Como um caminhoneiro dá uma informação e três bêbados outra?
Pois é... os pé de cana estavam certos... em 1km cruzamos uma velha ponte e a parte light da viagem finalmente começou. 
Asfalto depois de 200 km de areia e pedra no meio dos Andes, parte deles percorridos à noite.
 
Sabe aquele ditado que diz que todo sacrifício será recompensado? Pois então, é impossível descrever a emoção de rodar nos Andes. 

A cada curva novos paredões surgem na sua frente completamente indiferentes a sua existência e, é notório o quanto somos nada.
Gigantesca paisagem com rios secos (não chove há 3 meses) mas as calhas dos rios denunciam tanto o tamanho quanto a força das águas que por ali correm no verão. 

Muitas curvas perigosas sem proteção alguma na beirada de precipícios que em uma vacilada... adeus.
Prova disso foi um acidente de caminhão que presenciamos - 5 minutos do ocorrido.
Na Bolívia é comum o transporte de pessoas em caminhões, como os “Paus de Araras” no nordeste. Este infelizmente tombou e machucou cerca de umas 30 pessoas, na grande maioria homens e mulheres na faixa dos 40 a 70 anos mas que com sorte não despencou penhasco abaixo, uma queda de 600 m. 

Fora essa parte triste, motocamos, filmamos e tiramos inúmeras fotos... nos sentimos como criança que acabara de ganhar o presente dos sonhos... e com certeza foi uma tremenda realização... 4 dias para poder curtir esses momentos, se tornou quase que um projeto dentro do nosso projeto - Chegar a Sucre! Com determinação e força de vontade, conseguimos. 

Foram 4 dias rodando muito, em péssimas condições de estrada, se hospedando em lugares pouco satisfatórios e sem fazer refeições decentes. 

Não é o plano nem o ideal de nenhum motociclista, mas com certeza são os imprevistos que levamos na bagagem sem saber... vai de cada um desistir ou continuar!

Nós fomos além, superamos juntos todas as dificuldades e aqui estamos, com um sorrisão besta na cara. 

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