OFF ROAD ROOTS – PARTE 1

14º dia de viagem
Cidade: Sur de Lípez/BO | Categoria: Diário do Piloto
Revisado em: 29/10/2017
Diário de Motocicleta

Depois de curtimos as principais atrações do Salar do Uyuni, nossos planos era descer quase até a fronteira do Chile, rodando pelas paisagens incríveis do Parque Eduardo Avaroa.

Nas nossas pesquisas de planejamento desta viagem, nos deparamos com relatos e custos que a princípio não nos agradaram.

Primeiro que a maioria das agências fazem este tour pelo Sur de Lípez em três dias, contando um dia pelo Salar do Uyuni propriamente dito (já tínhamos feito de motoca e é muito simples de ser feito – veja artigo anterior) e dois outros dias pelo Parque que era o nosso interesse.

Relatos revelam cansaço em grupo de 6 a 9 pessoas, guias apressados para voltar ao Uyuni, acomodações precárias, entre outros que podem custar entre US$ 150,00 a US$ 200,00 por pessoa.

Como o primeiro dia motocamos sozinhos o Salar do Uyuni, nosso interesse era fazer apenas os dois outros dias, mas neste caso apenas tour privado que foi cotado no mínimo em US$ 850,00 (inviável para nós).

Então buscamos outras alternativas, pesquisamos e perguntamos para amigos que fizeram de San Pedro de Atacama/CHL para o Uyuni, e o feedback foi só sofrimento e pouco turismo – tipo atravessar para chegar, e dane-se o resto.

Com garupa, bagagens e uma moto não destinada a off-road, seria uma insensatez tentar algo estúpido que levaria facilmente o fim de um casamento feliz... então buscamos a opção de alugar um carro e chegamos até a Biz Rent a Car, e quando falamos do nosso projeto, tivemos a grata surpresa de receber não só uma resposta rápida, como uma parceria que acabou se transformando em desconto para os nossos amigos - entrem em contato mencionado Guga Dias do Brasil, e ganhe 5% de desconto na sua locação.

Assim sendo, alugamos um Jeep Jimny 4x4 para fazer esse roteiro que veio com dois galões cheio de gasolina, mais o tanque completo, e com a vantagem de retirar e entregar na cidade de Uyuni – a Biz Rent a Car tem escritório em Sucre (360 km de distância que implica em taxas).

Pegamos nosso Jimy Jimy Jimy e partimos pela Ruta 701 que termina no Vulcão Ollagüe na fronteira com o Chile. É uma estrada de terra compactada que em muitos trechos parece asfalto, outros apresenta uma terra mais solta, mas mesmo assim tranquila para quem faz de moto – sem mistério.

Seguimos até a comunidade de Alota, cerca de 146 km de Uyuni quando finalmente saímos da estrada e entramos deserto de Lípez a dentro.

Aqui o 4x4 faz a diferença.

Deste trecho em diante, foram mais 5h para percorrer 125 km até a comunidade de Huaillajara, às margens da incrível Laguna Colorado com suas águas cor de sangue, onde jantamos e pernoitamos em um hostel por meros U$S 20,00 – quarto duplo com banheiro compartilhado sem chuveiro... mas aos 5°C batendo às 18h, quem pensaria em banho?

Antes disso, sofremos um bocado com trechos de areia fofa que fazia o “jeepinho” rebolar para um lado para o outro, e em subidas íngremes, a necessidade de acionar o 4x4 Low.

Em uma determinada descida, enquanto consultava o Maps.me no meu celular (Garmin que vinha no carro nem te viu), ao olhar para frente, uma camionete cabine estendida, com vidros pretos atravessou o nosso caminho, e três homens encapuzados, com óculos escuros e cobrindo o rosto desceram com metralhadoras em punho, mandando eu parar.

A primeira coisa que eu disse? Fodeu!

Desci dando boa tarde, e gentilmente me responderam e perguntaram de onde eu era.
Respondi que eu era do Brasil, que tinha alugado o carro e que estava indo para Laguna Verde.

Então se apresentaram com Oficiais da Narcóticos e pediram nossos documentos e que eu abrisse o porta malas.

Entreguei Passaporte e RG, olharam o carro e começaram a puxar papo de boa, sempre com as armas em punho, mas sem dedo no gatilho e com todas elas abaixada, e nunca miradas em nós.

Passado o susto, começamos a conversar, perguntei sobre distâncias, me indicaram lugares, nos desejaram boa viagem e partimos... por alguns km branco feito papel, mas seguimos.

Pouco tempo depois chegamos à portaria do Parque Eduardo Avaroa, onde pagamos cerca de US$ 30 por pessoa para entrar e dali mais uma hora até o Hostel Alojamiento Cristal.

A Senhora Dora nos com um largo sorrido, nos ofereceu o melhor quarto com cama de casal e ainda nos preparou uma suculenta sopa de legumes. Quando devoramos a panela (nossa primeira refeição do dia) ela ainda veio com uma travessa de macarrão com molho de tomate dos deuses – é impressionante como valorizamos as coisas quando somos privados de coisas simples, como duas refeições por dia.

Em uma estalagem feita de adobe (blocos de barro e palha), com luz das 19h às 21h, dormimos exaustos por volta das 20h super quentinhos com apenas um cobertor e um colchão velho, um descanso merecido que seguiu até às 6h da manhã, quando levantamos para nosso segundo dia.

Continua no próximo artigo...

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