ARCOS Y CUEVAS

Cidade: Santiago de Chiquitos/BO | Categoria: Passeios
Revisado em: 12/01/2018
Diário de Motocicleta

Abrimos a janela do quarto esta manhã e o que vimos? A Bolívia.
Impossível não começar o dia com um largo sorriso e satisfação... creio que nunca me senti tão bem em um país vizinho, e é certo que isso se dá pelo perrengue para passar pela aduana.

Mas águas passadas não movem moinhos, e agora colocamos nossos planos em andamento comecando por Santiago de Chiquitos e as belezas naturais do Valle Tucavaca, pouco explorado turísticamente, mas que vale muito a pena visitar.

O "pueblo" com pouco mais de 1.500 habitantes tem acesso asfaltado a partir da Ruta 4, pouco antes de chegar a Roboré (de quem vem do Brasil), e respira tranquilidade, simplicidade, e com exceção da praça principal, todas as outras ruas ainda são de terra.

Assim que tomamos café da manhã, nosso guia José Antonio veio ao nosso encontro no hotel, com a missão de nos levar para percorrer o circuito Arcos y Cuevas, uma caminhada de seis horas por incríveis formações rochosas e uma vista de tirar o fôlego.

Compramos água, balas e um pacote de bolacha antes de partirmos por volta das 9h da manhã, quando o Sol já começava a rachar o côco.

Não demorou muito para saírmos do povoado e começar uma trilha (sendero  em Espanhol) por entre a mata que alternava entre campos abertos e subidas levemente íngremes de terra e pedra.

A água que levamos foi sendo sorvida rapidamente e as pernas logo começaram a doer, um misto de vida sedentária e o peso dos equipamentos que levávamos.

Quando o José apontou para um monte e disse que estávamos indo naquela direção, rumo ao topo, tive vontade de chorar, pois nesta hora (1h de caminhada) eu estava exausto e pra lá de suado. Mas tínhamos objetivos a serem cumpridos e não havia outro jeito a não ser encarar uma subida de aproximadamente uns 500m – falando assim é pouco, mas em uma trilha desnivelada, com o Sol a pino, posso garantir, o esforço foi forte.

Em mais uma hora chegamos no nosso primeiro ponto de avistamento, El Arco Grande, uma formação rochosa em forma de arco, esculpido milhares de anos pela ação do vento e das chuvas.
Distante uns 300m, vimos o Arco Pequeño, outra formação similar, mas em escala reduzida, muito interessante.

Fizemos fotos, vídeos, bebemos mais água, descansamos e logo iniciamos a caminhada, agora em direção a Cueva Juan Miserendino.

Existe uma lenda que diz que este senhor, um italiano chamado Giovanni Battista por volta de 1900 e bolinha, veio para América do Sul e assaltou um banco na Argentina, refugiando-se nesta região, aonde supostamente enterrou seu tesouro.

Ele viveu nesta Cueva por anos até morrer em 1931 neste mesmo local, aonde está enterrado.

O mais interessante desta Cueva, é que se trata de um sítio arqueológico com inúmeras pinturas rupestres datadas de 5.000 A.C, e foi por conta delas que escolhemos este roteiro.

Muito bem preservadas, os desenhos são de animais correndo atrás de pessoas, pegadas de animais e uma figura muito estranha de um humano diante de um ser muito, mas muito alto e diferente.

Logo em seguida entramos novamente no sendero, agora a caminho da Cueva Grande, uma gruta ao lado de uma cachoeira, que apresenta um buraco no teto por onde entra a luz, e um túnel escavado pela correnteza das águas do riacho, que possui centenas de metros morro adentro. Infelizmente não portávamos de uma lanterna e cancelamos a exploração, mas não perdi a oportunidade de entrar debaixo da cachoeira, que nesta época do ano está bem ralinha por conta das poucas chuvas que caem na região.
Mas foi o suficiente para repor as energias e começar o caminho de volta.

Fizemos o mesmo caminho, paramos alguma vezes para descanso e finalmente entramos no povoado por volta das 14h30 completamente exaustos após uma caminhada de 14 km.

Vale o esforço e a recomendação é que se tire ao menos dois dias para conhecer melhor o Valle Tucavaca que possui outros sítios rupestres, cachoeiras e mirantes.

A recomendação é usar um tênis confortável, boné, óculos de Sol, muuuuuita água e protetor solar... dispense o repelente, pois apesar da mata, os insetos não importunam.

Quanto mais cedo começar o passeio, melhor por conta do Sol forte.
A indicação é buscar por José Antonio no balcão do Hotel Beula, um guia muito simpático, solícito e gentil que cobra o equivalente a US$ 15,00 por pessoa – barato demais.

Pretendemos parar em Santiago de Chiquitos na volta para o Brasil, e fazer outros passeios, vai depender do nosso tempo.

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vídeos do roteiro
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