PRIMEIRO POSTO: 270 KM À ESQUERDA

44º dia de viagem
Cidade: Calama/CH | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 14/9/2015
Diário de Motocicleta

É muito fácil saber que você está em uma legítima Ruta Chilena... basta observar o asfalto negro, as faixas brancas e a excelência do asfalto no mais alto padrão tapete.

Tenho comigo que no Chile estão as melhores estradas da América do Sul (ao menos nos 9 países em que já rodei).

E hoje, pudemos desfrutar dessa maravilha bem feita por mais de 600 km, partindo de Arica com destino à Calama.

Saímos super tarde, zuados ainda com o fuso-horário de duas horas a mais no Chile em compensação ao Peru, Equador e Colômbia.
Só conseguimos dormir depois das 2h da manhã e colocamos a motoca na estrada depois do meio dia.

As retas já dão o ar da graça já no começo, mas a descida de dois vales seguidos, primeiro Chaca e depois Camarones, despertam fortes emoções por suas curvas e cenário exuberante.

O Valle del Camarones é o maior dos dois... a descida não acaba nunca, com curvas abertas e penhascos gigantescos do lado esquerdo.

Durante a descida fui me lembrando que em 2011, quando fizemos o trecho Tacna – Iquique por esta Ruta 5 (Panamericana Chilena), ao chegar no fim desse vale, poucas vendas ofereciam água e lanches.
Paramos com sede, e como tinha acabado de entrar no Chile, só tinha no bolso Soles e Dólares.

Pedi água em uma das vendinhas, e a senhora colocou a garrafa no balcão e deu o preço... saquei US$10,00 e ela imediatamente disse que não aceitava Dólar... eu respondi que não precisava de troco e ela furiosa agarrou a garrafa, foi enfática dizendo que não aceitava dólar e entrou na venda me deixando no balcão com uma nota na mão e a garganta seca.

Ao terminar a descida, demos de cara com várias vendas, agora dos dois lados e muitas delas oferecendo muito mais que água... sorvetes, sanduíches, almoços e banheiros.

Logo avistei duas KTMs com a placa do Brasil e como precisávamos nos hidratar, parei já puxando papo.

Conhecemos os amigos Hamilton de Santa Catarina (cadastrado no site do Diário de Motocicleta) e Henrique do Rio Grande do Sul.
Conversamos bastante enquanto comíamos um sanduíche de carne com queijo, tiramos fotos e eles seguiram na frente enquanto eu ajustava a minha corrente.

Muito legal encontrar brasileiros motocando.

Logo depois seguimos nosso caminho curtindo os enormes paredões de pedras e areia que cercam a estrada por bons quilômetros e nos deixam sempre de queixo caído.
São montanhas enormes que se erguem ao lado da estrada e sobem algumas na casa dos 1.500 a 2.000 m de altitude... fantásticas!

Tratamos de motocar com a mão leve, pois conhecemos a estrada e tal qual a Patagônia, neste trecho do Deserto do Atacama não existem povoados, cidades e nem postos de combustível.

Na verdade, o primeiro posto depois de Arica fica a exatos 270 km na cidade de Pozo Almonte.
Cerca de 25 km antes, no povoado de Huaca, você pode encontrar gasolina em algumas casa (abasteci em uma delas em 2011)... mas como aconteceu conosco e com o Hamilton que quase ficou sem gasolina, o preço geralmente quase dobra em comparação com os preços tabelados nos postos.

Reencontramos os nossos amigos em Pozo Almonte quando terminávamos um delicioso sorvete e seguíamos nosso caminho... daqui pra frente inédito, pois em 2011 descemos para Iquique e de lá continuamos pela Ruta 1 a beira mar.
Porém desta vez optamos em motocar a Ruta 5 e lá fomos nós com a mão leve... regra básica quando se pilota por uma estrada em que não se conhece.

As retas vieram severas medindo em média 45 km cada uma... e não foram poucas em que os ventos sopraram fortes.

Passamos por um posto na cidade de Victória (60 km depois de Pozo Almonte), mas não abastecemos e por conta disso, em Maria Elena (200 km depois) tivemos que sair da estrada por mais de 20 km em busca de um tanque cheio.

Abastecidos, rodamos os últimos 100 km no final da tarde , já que por essas bandas do Pacífico, no inverno, o Sol se põe às 19h40.

Chegamos em Calama por volta das 20h depois de rodar 658 km.

Agora vamos visitar mais alguns vulcões antes de seguir para nossa querida San Pedro de Atacama... again!

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