E NO MEIO DO CAMINHO HAVIA 50CM DE NEVE
Cidade: Aplao/PE | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 13/8/2015
A saída de Arequipa foi complicada por conta dos festejos dos 475 anos, que acabaram fechando algumas vias do Centro Histórico para desfiles cívicos e foi o suficiente para tornar parte da cidade em um caos.
Foi preciso uma imensa volta e muita paciência para chegar até a estrada e seguir incialmente rumo à Lima.
Na verdade nosso destino era mais próximo, porém não tão simples... Andagua, o Vale dos Vulcões distante apenas 360 km de Arequipa.
Pegamos a Panamericana Sur, velha conhecida e depois de uns 110 km saímos a direita rumo à Aplao.
Ao nos aproximarmos de Castillia é que nos demos conta de o quanto estávamos alto, quando começamos a descer um vale imenso, conhecido como Majes.
Deste ponto em diante, o acesso se deu por uma estrada vicinal muito pequena, com vários trechos de pista na terra, proveniente de obras de saneamento básico nas pequenas cidades.
Quando a estrada entrou em Aplao e se bifurcou em várias ruas pequenas, ficamos perdidos e em frente a prefeitura um senhor de uniforme veio nos cumprimentar.
Pedi informação do caminho para Andagua e após me indicar a direção, me desaconselhou a seguir viagem.
Fiquei incrédulo a princípio, mas dei ouvidos aos seus cabelos brancos que se revelavam cada vez que tirava o boné para coçar a cabeça.
Logo atrás dele veio o prefeito da cidade de Aplao que ouvindo os conselhos daquele velho homem, disse para acreditarmos nele, por que se tratava do ex-prefeito de Andagua.
Ele nos alertava que por conta do El Niño, o tempo havia mudado drasticamente na região, trazendo fortes nevascas em Andagua e cobrindo a estrada com quase 50 cm de neve.
A sugestão dele é que seguíssemos até um povoado chamado Viraco, distante uns 70 km e dormíssemos lá, para só no dia seguinte bem cedo seguir para Andagua.
Segundo ele, de moto levaríamos mais 3h até Viraco e depois outras 3h até Andagua – 6h para percorrer cerca de 130 km de estrada de terra, Cordilheira acima até 5.000 m e depois 3.800 m no nosso destino final.
Aceitei o conselho e nos despedimos não acreditando muito no tempo de viagem dado, mas tão logo começou o cascalho de pedras soltas e estrada estreita com precipícios, o medo começou a bater e começamos a recalcular o tempo de viagem.
Conseguimos avançar pouco mais de 30 km quando a Cordilheira começou a esconder os poucos raios de Sol das 3h da tarde.
A temperatura caiu rapidamente e quando bateu a casa dos 3˚C (eu acho que até poderia ser menos), jogamos a toalha e voltamos para Aplao.
Nos hospedamos em um hotel e a proprietária confirmou toda a informação que nos foi dada antes. Se queixou do tempo maluco e das ventanias que andavam arrancando árvores e telhados.
Passamos a noite com a ideia de no dia seguinte contratar um serviço de 4x4 para nos levar até Andagua, mas os únicos transportes partem às 20h e nos deixam na praça central de Andagua por volta da 1h da manhã... genial.
Com muita frustração, deixamos o Vale dos Vulcões para uma próxima expedição, lamentando profundamente cerca de 5 vulcões a menos a serem visitados neste projeto.
Agora seguiremos para Nazca.