COMPRANDO TERRENO NO VULCÃO UBINAS
Cidade: Arequipa/PE | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 12/8/2015
No dia anterior tentamos ir até o Vulcão Ubinas (100 km de Arequipa) para fotos e filmagens, mas logo nos primeiros 25 km de terra da Ruta 34C, surgiram bolsões de areia que logo nos desanimou.
Cheguei a gravar um depoimento falando da nossa tentativa frustrada, e que colocava a nossa segurança em primeiro lugar.
O problema foi colocar a cabeça no travesseiro e dormir.
Não sou do tipo de pessoa que desiste na primeira dificuldade, e em nossos planejamentos, levantamos tudo o que poderia ser visitado nas imediações de Arequipa, e deixar o Vulcão Ubinas para trás ia me incomodar por muito tempo.
Ao tentar dormir, me lembrava dos 850 km de rípio rodados na Patagônia em 2012 – principalmente na Ruta 40, da BR-319 no coração da Amazônia, a pior estrada que já motoquei e não me conformava em desistir por conta de bancos de areia.
Levantei e comecei a pesquisar caminhos alternativos, e achei a Ruta 34D que me oferecia 18 km de asfalto, e um desvio de 33 km em estrada de pedra, até bem próximo do Ubinas.
Então consegui dormir!
Quando o despertador tocou as 7h da manhã, eu e a Elda nos aprontamos para uma aventura que consumira o dia todo.
Abastecidos saímos rumo à periferia de Arequipa e na sequência acessamos a Ruta 34D que nos recebeu com 20 km iniciais na terra, pedra e pouca areia.
Quando o asfalto chegou, parecia uma miragem de tão liso e lindo no meio do nada.
Motocamos até o ponto do desvio e começamos a contornar por trás o Vulcão Pichu-Pichu os 33 km previstos de cascalho.
A estradinha com pouco uso, apresentava valas de erosão e muitas pedras soltas, além claro, de trechos de areia fofa, meu maior temor.
Não sou um piloto de Off Road, e apesar de já ter feito alguns cursos, e andando muito na terra, nunca foi fácil e familiar pilotar neste tipo de chão com bagagem e garupa.
Já que lá tá... que lateje
Os primeiros 10 km fizemos em meia hora, e quando eu acelerava em um batidão de terra imaginando em quanto tempo faria os próximos 10 km, um bolsão de areia surgiu na nossa frente, dando tempo de desacelerar a moto e comprar terreno.
Por sorte o Protetor de Motor da GIVI salvou a carenagem da Multistrada que caiu sobre pedras no canto da estrada.
Eu a e Elda nada sofremos, apesar do meu pé ter ficado preso debaixo da moto, mas sem me machucar, já que a bota da TEXX segurou firme meu calcanhar e não permitiu qualquer torção.
Terreno comprado e registrado em fotos, soltei o baú traseiro e a mala de tanque GIVI e aproveitando a torção do guidão, levantei a moto rapidamente já que ela só pesa 190 kg.
A cerca de 3.000 m de altitude, esse esforço tirou todo o ar dos meus pulmões e o tiozinho aqui teve que sentar um pouco para recuperar as forças.
Um pouco mais a diante a moto atolou em umas pedras soltas, e mais uma vez tivemos que arquitetar um plano para mover a moto. O jeito foi calçar o pneu traseiro com pedras largas e chatas até dar tração.
Hoje confesso que exigi o máximo da suspensão eletrônica e do controle de tração da moto. Até pensei em colocar no Modo Enduro, mas isso deixaria a suspensão traseira muito mole e com a Elda e os equipamentos no baú traseiro, geraria um risco e desconforto a mais.
Com o tombo e o atolamento, os 10 km seguintes foram concluídos, e pouco menos de duas hora, até o Vulcão Ubinas surgir na nossa frente... a uns 30 km de distância é verdade.
Mesmo distante, eu me dava por satisfeito.
O Vulcão Ubinas
O Ubinas é o mais ativo do Peru e um dos principais das Américas.
Já entrou em erupção pelo menos umas 7 vezes no último século, teve uma grande erupção em 2008, e em SET/14 cuspiu pedaços de rochas do tamanho de carros.
Em Abril de 2015 novamente acordou e expeliu muitos gases, intoxicando a população em seu entorno, matando aninais e prejudicando a lavoura. Além disso provocou fortes tremores e desprendeu suas geleiras provocando deslizamentos.
É realmente um gigante nervoso de 5.672 m de altura que mantém as autoridades Peruanas em constante alerta.
Fizemos fotos, gravamos imagens e resolvemos voltar pela Ruta 34C que havíamos desistido no dia anterior.
Foi a pior opção que fizemos.
Depois dos primeiros 10 km feitos em menos de 12 minutos, quase comemorando aquele rendimento na terra, veio um bolsão de areia fina com cerca de 1 km de extensão que obrigou a Elda a descer da moto e me fazer andar igual siri com as patas no chão, isso tudo ladeira abaixo com a moto em 1ª marcha.
Depois deste trecho, vieram muitas curvas cotovelo com pedras soltas e muita areia, e só depois da Elda descer algumas outras vezes, resolvi tomar as rédeas da motoca e encarar o areião com ela na garupa.
Apliquei algumas técnicas que aprendi, e acelerando com o pé no freio traseiro, com os braços travados para a frente a moto não fica boba, voltei ao asfalto 50 km depois, após 4h de pilotagem, sem comprar novo terreno.
Não existe sentimento melhor que um desafio superado e um objetivo concluído... e isso tudo para trazer aos amigos mais histórias e imagens incríveis!
Continue com a gente!