VISITANDO A MATRIZ DA GIVI
Postado em: 24/7/2014
Enquanto fantasmas me assombravam por conta do próximo fim do projeto Multi Aventura rumo ao World DUCATI Week 2014, eu me arrumava para conhecer as instalações da Sede da GIVI no Mundo, na cidade de Brescia no norte da Itália, cerca de 200 km da Fábrica da DUCATI que tive o prazer de visitar no dia anterior.
Tenho a grata satisfação de ter a parceria da GIVI desde 2011, quando realizei o Caminho do Peabiru para divulgar o Salão Duas Rodas daquele ano.
Foi minha primeira viagem de longa distância internacional, rumo a lugares incríveis como Lago Titicaca, Machu Picchu, Linhas de Nasca, Mão do Deserto no Atacama entre tantos outros.
O projeto agradou tanto a GIVI do Brasil, que em 2012 eles embarcaram com o Diário de Motocicleta no projeto 'Antes do Fim do Mundo... e um pouquinho Além', onde fomos ao Ushuaia filmar o temido fim do calendário Maia.
Como o mundo não acabou, a GIVI mais uma vez foi nossa parceira na divulgação do Salão Duas Rodas 2013 quando demos uma volta ao redor do Brasil no Projeto Rodando as Cidades da Copa.
Acredito que realmente a GIVI goste do nosso trabalho, pois pela primeira vez assinamos contrato em 2014 com diversas atividades entre palestras, passeios e viagens em grupos, e quando surgiu repentinamente o projeto com a DUCATI, bastou uma reunião para mudarmos os planos e partir juntos nesta grande aventura.
Não poderia deixar de aproveitar a oportunidade de conhecer a Nave Mãe e conhecer de perto esse gigante, que em minha opinião, independentemente de ser meu parcerio, produz de fato os melhores baús e alforjes do mundo.
Para ajudar, a chuva que tomei no dia anterior passou completamente e o dia amanheceu com um céu azul incrível e um Sol maravilhoso.
Do hotel até o escritório da GIVI não foram mais do que 7 km e quando parei no portão, ele se abriu antes mesmo que eu descesse para tocar o interfone.
Quando entrei na recepção, já fui dizendo as palavrinhas mágicas “— Io non parlo italiano! Parli spagnolo?” e ela balançou a cabeça dizendo não... ai eu disse “— Espera! Eu sou Guga Dias do Brasil e preciso falar com Emanuela!”, nisso a recepcionista riu e apontou para a TV de 52 polegadas atrás dela que mostrava em grandes letras “Welcome Guga Dias”.
Nós dois demos risada e ela me conduziu para uma sala de reunião. Não demorou muito Emanuela, Secretária Executiva e responsável direta dos assuntos da GIVI do Brasil, que felizmente, de tanto ir para a Fábrica da GIVI em Pindamonhangaba/SP, sabe falar muito bem português.
Batemos um longo papo e saímos em tour pelas dependências do escritório central que, há muito tempo atrás foi o depósito de distribuição, mas com o crescimento da empresa, foi necessário comprar um terreno e construir um novo prédio.
Nesta unidade hoje funcionam os escritórios de marketing, compras, diretoria, financeiro, uma área para criação de novos designs, criação dos protótipos, mapeamento a laser destas peças novas e testes de capacetes e de baús com máquinas que expõem as peças ao seu limite máximo de vibração.
Fizemos um giro completo e foi engraçado encontrar o setor de protótipos trancado, isso por que a GIVI está desenvolvendo produtos para uma moto DUCATI, e mesmo sendo patrocinado deles, o sigilo é absoluto.
Depois que esconderam a moto pude entrar para conhecer e fotografar.
Antes do almoço fizeram a simulação de testes em capacetes para que eu pudesse fotografar e filmar... simulação por que o capacete usado já havia sido testado, e nos testes originais, eles são resfriados por até dois dias para ver se o impacto não gera rachaduras depois.
Neste prédio são recebidos representantes e distribuidores do mundo todo, e quando há um novo produto, o show room com centenas de produtos GIVI funciona como uma sala de aula onde os lançamentos são apresentados e instruções passadas.
Terminado essa primeira parte do tour, Emanuela me levou para almoçar em um restaurante muito charmoso, e dono de uma comida espetacular.
Foi ai que conversamos mais sobre a GIVI e os planos dela para o Brasil, a terceira fábrica da GIVI no mundo (a primeira é em Brescia/IT e a segunda na Malásia – existe uma no Vietinã, mas destinada apenas para produtos a base de tecidos, capas de chuva entre outros).
A GIVI do Brasil possuía um sócio, mas agora é comandada 100% pela Itália que acredita muito no potencial do nosso mercado e possui grandes planos a curto e médio prazo, como a inauguração da nova Fábrica em Pindamonhangaba/SP que o Diário de Motocicleta organizará em breve um passeio para que amigos conheçam as novas instalações e como se dá a produção dos produtos GIVI.
Voltando do almoço tive um bate papo como Mario, Marketing e imprensa da empresa, quando de repente entra na nossa sala o Sr. Giuseppe Visenzi, fundador da empresa, dono de uma vitalidade incrível e paixão pelo que faz, que mesmo aos 73 anos, todos os dias chega pontualmente às 8h da manhã e fica até 6h, 7h da noite.
O Sr. Giuseppe era Piloto Moto GP e foi 3° colocado no Campeonato de 1969 de 350cc... sua moto foi restaurada e está no segundo piso do prédio.
Quando abandonou as corridas, não perdeu a paixão por viajar de moto, e sentia a falta de uma porta mala nas motos, e via a dificuldade que muitos motociclistas na época já enfrentavam amarrando malas convencionais em suas motos.
Com um espírito empreendedor ímpar, decidiu criar soluções para estes problemas, e hoje vemos a excelência de sua criação... um legado para todos os moto turistas do mundo.
Quando ele entrou na sala, confesso que o coração veio na boca e a emoção tomou conta de mim.
Um filme num piscar de olhos passou pela minha mente, quando em 2011 mandei um projeto de parceria para o Caminho do Peabiru, onde eu só precisava de baús, e naquele momento, estava diante do homem que criou essa marca incrível.
Sr. Giuseppe foi só sorrisos, me cumprimentou alegremente e me deu parabéns pela aventura desde o Brasil, e me advertiu que eu não fosse embora sem fazer uma foto com ele. Estava com pressa, pois estava no meio de uma reunião e me deixou com uma pequena taquicardia.
Tive que respirar fundo para continuar o bate papo com o Mario e a Emanuela.
Superado em partes essa emoção, saímos para conhecer outras três instalações, e começamos pela parte das injetoras, máquinas de até 800 toneladas que produzem todas as peças de plástico, da carcaça dos baús, à suas menores e mais delicadas peças.
A surpresa foi o fato da GIVI produzir os próprios moldes em um setor de usinagem... enormes peças de aço pesando até 700 kg são esculpidas por robôs seguindo programas que saem diretamente do departamento de criação no escritório central.
Auto suficiente, as únicas coisas que a GIVI terceiriza hoje em dia são os testes nas viseiras dos capacetes e a pintura das ferragens, que era feita por ela até bem pouco tempo atrás.
Deste prédio, partimos para parte dos metais, onde todas as peças são cortadas a laser, e canos são dobrados, vincados e soldados... em grande parte em um pátio robotizado, porém sempre com a supervisão de funcionários.
Por fim, fomos para o novo centro de distribuição que ocupa uma área de aproximadamente dois campos de futebol... ali os produtos são despachados para o mundo todo, inclusive para o Brasil, mas não por muito tempo, já que começaremos a produzir uma grande quantidade de linha de produtos.
Sempre admirei a GIVI e sabia o quanto era uma empresa séria e sólida, mas diante deste cenário, compreendi por que aos 35 anos, a qualidade e expansão são o foco do dia-a-dia desta empresa familiar multinacional.
Voltamos para o escritório central e mais uma vez meu coração bateu mais forte... como prometido, o Sr. Giuseppe veio fazer a foto prometida, e mais do que isso, quis saber detalhes da viagem, do que eu achava dos produtos GIVI, e quando agradeci pela excelência nos produtos, ele disse que quem devia agradecimentos era ele pelo trabalho que faço no Brasil.
Pensa em um par de pernas tremendo!
Fizemos as fotos, onde todos repetiram o sinal que sempre faço com os dedos, demos risadas, mostrei o case do drone que carrego nas viagens e ele achou incrível a ideia.
Ganhei o meu dia e fechei com chave de ouro esse projeto onde pude reunir grandes empresas como GIVI, DUCATI, PIRELLI, SHELL, ARAI e GoPRO.
Despedimo-nos com a promessa de voltar com a Elda para que ele possa conhecê-la e ainda pude desfrutar de um jantar maravilhoso e de presente, uma edição especial que conta os 35 anos da GIVI.
Faltou um livro da história do Sr. Giussepe que ele queria escrever uma dedicatória para mim, mas em Setembro a Emanuela irá ao Brasil e prometeu me levar.
O dia foi tão emocionante que a noite não consegui dormir... tive insônia e devo ter cochilado por 2h no máximo.
Agora é levantar o acampamento. Estou voltando para o Brasil com as melhores recordações do mundo, e muita história ainda por contar para vocês.