BR-101 VERSÃO PANELÃO
Cidade: Recife/PE | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 21/8/2013
Sair de Salvador é sempre difícil, gostamos muito desta cidade, tanto pelos pontos turísticos que exalam a história do nosso Brasil, seja pelos amigos que sempre nos recebem muito bem.
Mas como temos aproximadamente uns 10 mil km pela frente, montamos a moto e assim que mais uma paulada de chuva caiu, partimos rumo à Recife.
O trânsito estava bem carregado, superior ao congestionamento que pegamos na saída do Rio de Janeiro e quando chegamos à Lauro de Freitas, a situação não estava diferente.
Para se ter ideia, em 2h percorremos quase 100 km. Isso pesou bastante no nosso cronograma, mas o pior ainda estava por vir.
Passando Lauro de Freitas entramos na Linha Verde ou Estrada do Côco que quebra qualquer paradigma das estradas da Bahia. Um verdadeiro tapete duplicado, com pouco trânsito que nos deu a esperança de recuperar o tempo perdido nos engarrafamentos de Salvador.
A velocidade foi quase que constante, na casa dos 120 km/h e sem a necessidade de parar para ultrapassagens... entortamos o cabo.
A única atenção que o amigo que for motocar pela Linha Verde tem que ter é quanto ao abastecimento. Depois de Lauro de Freitas, passamos por um posto e depois somente em Estância, já em Sergipe, um intervalo de 145 km. Existe um posto na cidade de Conde, mas é preciso sair da estrada e rodar um pouco.
Em Estância a Estrada do Côco encontra a BR-101, vicinal e cheia de caminhões e buracos.
Uma coisa que deixou a viagem mais lenta foram as obras na BR-101 que depois de milhões de anos de existência, agora começa a ser duplicada em Sergipe, então tenha paciência para desviar para cá e para lá, sem contar a pista de concreto, recém feita, que me lembrou o Rodoanel em São Paulo, completamente imperfeita, com ondulações que tornam a viagem cansativa e desconfortável.
Quando entramos em Alagoas, logo nos primeiros km senti saudades da pista de concreto de Sergipe... buracos, buraquinhos e panelões, que engoliam outros buracos começaram a surgir no caminho e diminuiu ainda mais a nossa velocidade.
Com a noite, vieram os perrengues
A situação ficou crítica quando anoiteceu. Aqui no Nordeste o Sol se põe às 17h20 e logo fica completamente noite.
Neste cenário, motocar ficou mais difícil, e depois de um FDP lançar farol alto e ligar os faróis de milha, fiquei completamente cego e caímos em um buraco.
A moto chegou a sair de lado, mas por sorte não estávamos correndo e foi possível controlar, no entanto o pedal de marcha entortou e cometi o erro de baixar as marchas e feito isso, só entrava a primeira.
Parei na entrada de um pátio de containers onde havia um poste com luz para ver o estrago.
A solução era soltar o pedal e baixar a marcha na tentativa de conseguir engatar acima da primeira, mas minhas ferramentas não faziam o parafuso por nada deste mundo girar.
Tive que voltar para estrada e seguir cerca de 5 km em primeira, com o pisca alerta ligado rezando para que nenhum caminhão passasse por cima da gente.
No posto consegui uma chave de boca e soltei o maldito parafuso, baixei as marchas e tudo voltou ao normal.
Feito isso, ainda tínhamos cerca de 200 km para percorrer, e agora escaldado, diminuímos ainda mais a nossa velocidade.
Rezei para chegarmos logo à Pernambuco, mas assim que entramos no estado, li rapidamente uma placa dizendo “Seja bem vindo à Pernambuco” e se houvesse algo mais para ler, eu teria tomado um tombaço... o asfalto é de longe a coisa mais horrível que eu já vi em todas as estradas percorridas pelo Diário de Motocicleta que fica até difícil de descrever.
Partes com asfalto, partes com concreto, partes na terra... e isso tudo junto dentro de um buraco.
Lembrar da linha Verde só iria piorar as coisas, então seguimos em frente e para nossa sorte, 27 km dos piores buracos do Brasil, chegamos em Palmares onde a BR-101 finalmente está duplicada e de lá foram mais 115 km até que exaustos, entramos em um motel em Jaboatão dos Guararapes para descansar.
Foram 822 km em 13h das mais difíceis que já tivemos nesta viagem.
Agora vamos descontar esses perrengues conhecendo Recife.