NO RÍPIO EM BUSCA DE PINGUINS

13º dia de viagem
Cidade: Caleta Olivia/AR | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 15/12/2012
Diário de Motocicleta

O dia começou cedo, mas começou atrasado. Demorei muito para arrumar as malas, tomar café e sair do hotel. Por outro lado foi o tempo suficiente para chegar na oficina que estava abrindo naquele momento.

A troca de óleo demorou cerca de uma hora e pouco por conta do bate papo que tive com clientes e o dono Javier.
Eles me confessaram que os Argentinos não viajam de moto, principalmente os que estão na Patagônia e mais ao Sul, isso por conta das distâncias, mas acho que é falta de paixão pelas estradas mesmo. No Brasil, amigos do Nordeste rodam não só os seus quintais como o país todo... tá no sangue da gente... com boa dose de sangue nos olhos.

Ao sair da oficina já se aproximava das 11h da manhã, e segui direto para Punta Tombo. Depois de ler os relatos do meu amigo André da Go Ahead Segunda Pele que já rodou por estas bandas, resolvi seguir os passos dele e ir conhecer a Pinguineira, uma praia onde milhares de pinguins constroem seus ninhos e procriam de setembro até março/abril.

Uma vez na Ruta 3, após rodar uns 70 km, há a saída para Punta Tombo asfaltado via Ruta 75. Ela vai encontrar em 20 km a Ruta 1 que o levará até a entrada do Parque, e dai pra frente serão 22 km de rípio, do compactado onde é possível rodar na casa dos 50 km/h, ao fofo que se passar dos 20 km/h tá pedindo para cair.

Foi um trajeto tenso que me consumiu cerca de uma hora até chegar na bilheteria do Parque.

Uma vez lá, você paga $ 60,00 Pesos e aguarda um Micro Ônibus que te levará até o início da trilha que possui 3 km (ida e volta). Um guia dá as instruções para não chegar perto dos pinguins, não alimentá-los e deixá-los passar quando estiverem cruzando o seu caminho... daí pra frente é só foto e filmagem.

O lugar está lotado de pinguins que cavam tocas embaixo dos arbustos e ali fazem seus ninhos. Há desde ovos até pinguinzinhos nascidos e feinhos, com plumagem cinza e levemente corcundas... mas depois o bicho fica bonito.

A caminhada pode levar até 2h, depende da sua paixão. Eu devo ter ficado cerca de uma hora e meia, até pegar o Micro Ônibus de volta para o estacionamento, mas antes adesivei a janela da lanchonete que tem lá.

Registro feito, era chegada a hora da volta pelo rípio. Como já conhecia o terreno e os pontos bons e ruins, gastei cerca de 40 minutos para percorrer os 22 km de volta à Ruta 1.

Já no asfalto o plano era entortar o cabo, já que seguindo o André, eu iria para Caleta Oliva, e ainda faltavam 38 km até a Ruta 3 e dali mais 400 km pela frente.

Abastecimentos

Uma coisa que o amigo(a) deve tomar nota é a questão de abastecimento. Saindo de Trelew abastecido, indo e voltando de Punta Tombo, quando você estiver de volta à Ruta 3, cerca de 200 km terão sido percorridos. Deste ponto ou você volta 70 km para abastecer em Trelew, ou segue até Uzcudum, 80 km adiante, onde existe um posto Shell.

Depois dele há um posto 25 km à frente e outro após uns 15 km... depois deste, serão 160 km sem posto, aliás, sem nada.

Quando parei no posto Shell, coloquei minha segunda pele, balaclava e luvas e mesmo assim passei frio. A temperatura caiu muito e com um vento forte vindo da direita, fui gelando cada vez mais. O Sol se escondeu atrás de umas nuvens densas e à medida que a altitude foi subindo – pouco mais de 600 m – a sensação térmica foi piorando.

Chegando a Comodoro Rivadavia, abasteci e segui até Caleta Olivia onde cheguei por volta das 9h da noite – aqui o Sol se põe por volta das 21h30.

Amanhã sigo para Puerto San Julián.

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