DE COPA PRA COTCHA
Cidade: Cochabamba/BO | Categoria: Diário do Piloto
Revisado em: 04/11/2017
Deixamos Copacabana por volta das 9h com destino a Cochabamba, praticamente um terço do país cruzados em um dia.
Mais uma vez percorremos a Ruta 2 margeando o Lago Titicaca que, por conta da sua grandiosidade, ora te acompanham pelo lado esquerdo, ora pelo lado direito.
Em 20 km chegamos ao estreito de Tiquina e embarcamos nas tradicionais balsas de madeira, que desta vez, por conta de um lago calmo, não sacudiu de um lado para o outro.
Um senhor que estava em um dos carros embarcados desceu para conversar com a gente... boliviano, mora em São Paulo há sete anos e desconfiou que éramos brasileiros.
Batemos um bom papo durante os 25 minutos de travessia, e ainda foi gentil ao me ajudar a tirar a moto da balsa de ré.
Gente boa esse tal de boliviano viu... sempre gentil, solícito e amável, e para quem disser o contrário, reveja sua postura, por que o mundo simplesmente te devolve na mesma moeda o que você oferece.
Nos despedimos e seguimos viagem namorando as últimas vistas do Titicaca até que ele desapareceu e deu lugar à Cordilheira Branca, imponente e indiferente a nossa passagem pela estrada.
Chegamos a El Alto tranquilo e vazio, num típico dia de domingo, muito diferente dos dias de semana, onde o trânsito é um verdadeiro caos, mas quem mora em grandes centros como São Paulo, Rio, BH ou Recife, não deve achar nada anormal, a única diferença é que as Vans param aonde o passageiro quer, ainda que seja a 5 metros da última parada e no meio da terceira faixa.
Eu costumo pegar um atalho e escapar deste movimento, e mesmo neste dia calmo, me desviei e sai direto na Ruta 1, depois do Aeroporto, lá na frente.
Abasteci normalmente, e segui viagem até Caracollo, ponto em que saí à esquerda e comecei a subi a Cordilheira... meio redundante quando se está encima dela... mas enfim, é um trecho em que encaramos uma subida íngreme, que atinge vários pontos altos, inclusive o La Cumbre com mais de 4.700m, um dos pontos mais altos em que se é possível pilotar na Bolívia.
Este trecho inicial – hoje de aproximadamente uns 55 km (NOV/2017) – está em obras de duplicação, o que significa um piso de terra compactado que por Deus, não tem areia fina, e permite que até mesmo motos customs trafeguem com tranquilidade e leve desconforto.
Ao passar pelo pedágio de Caihuasi, avistei uma V-Strom 650 com garupa, e passei a segui-la, fazendo em partes o mesmo trajeto pela terra, e desviando o curso a cada forte impacto que via a frente.
Não demorou muito e o camarada que pilotava me viu pelo retrovisor e fez sinal de OK... retribui e continuamos a motocar pela terra.
Quando iniciamos a subida mais íngreme, acabei tirando a mão, pois o piso ficou mais irregular, e continuar naquela velocidade causaria desconforto para ela, além de forçar muito a moto carregada.
Nisso o camarada diminuiu também a velocidade a ponto de parar na pista e me esperar passar, avisando que em mais 5k aquela obra acabaria.
Agradeci, embora soubesse dessa informação – em Maio estava rodando por estas bandas com um grupo para Machupicchu e já sabia o que ia encontrar.
E como de fato, as obras cessaram de arrancar o asfalto velho, embora o canteiro de obra continuava... e ainda continua.
Após um pedágio paramos para nos conhecer e bater um papo.
Roberto e Patrícia, ambos bolivianos de Cochabamba, e integrantes do Moto Clube Lama – conhecemos alguns integrantes na Colômbia em 2015, ficaram curiosos com a nossa aventura, e muito felizes quando planificamos nosso roteiro 100% em território boliviano.
Nos ofereceram para ficarmos hospedados em sua casa, o que agradeci e recusei, pois já tinha reserva paga em Cochabamba.
Então gentilmente se ofereceu para nos escoltar até o Hotel, e assim seguimos serpenteando a Ruta 4, entre ônibus e caminhões, em uma descida alucinante que nos levaria dos 4.000 m aos 2.500 m de altitude.
Nos despedimos na porta do nosso hotel e trocamos contato na esperança de nos encontrarmos na volta do nosso próximo tour – Torotoro, já ouviu falar?