SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS A CAMINHO DE COPACABANA

Cidade: Tiwanako/BO | Categoria: Passeios
Revisado em: 02/11/2017
Diário de Motocicleta

Nossos planos era ter visitado Tiwanako logo após a visita ao Museu de Arqueologia, mas devido alguns compromissos com um dos nossos parceiros, tiramos o resto do dia para trabalhar no hotel, e o dia se foi.

Assim sendo, sem preocupação com o tempo, antes de seguir de La Paz para Copacabana (150 km) às margens do Lago Titiacaca, esticamos mais 70 km até os Sítios Arqueológicos de Tiwanako e Puma Punko.

A continuação da Ruta 1 leva a fronteira da Bolívia e Peru, em Desaguadero, e passando o caos de El Alto, a pista vicinal é tranquila e de boa qualidade.

Optamos em sair tarde para evitar a hora do rush, mas a via de acesso de La Paz até El Alto está em obras, e o congestionamento foi inevitável
A princípio acreditei que toda morosidade se dava pelo subir e descer de passageiros de vans, mas na verdade todos diminuíam a velocidade para ver uma máquina gigantesca aplicando uma grossa camada de concreto.

Tal qual acidentes em rodovias no Brasil.

Passando este trecho, encontramos El Alto tranquilo e vazio, com poucas vans e muitos quilômetros a mais asfaltados e duplicados.

No entroncamento da Ruta 2 com a 1, na Estação Azul do Teleférico, saímos à esquerda e, deste ponto e diante, o trânsito foi diminuindo a ponto de quase ficarmos sozinho na estrada por muitos quilômetros.

Nosso horizonte firmava nuvens negras e uma cortina branca, enquanto eu tentava lembrar do percurso até Tiwanako, na esperança de chegar seco.
Por sorte as nuvens passaram pelo nosso lado direito, e apenas algumas gotinhas caíram sobre nós, apesar da temperatura despencar do 22°C para os 9°C – o Sol é fundamental para o bem estar no alto da Cordilheira dos Andes.

Assim que chegamos no parque, vimos vários ônibus escolares estacionados e uma criançada a perder de vista, e como o estacionamento é um pouco afastado da bilheteria (e do movimento) parei a moto na frente do estacionamento do Museu e fui pedir permissão para estacionar a moto ali, o que me foi permitido sem pestanejar.

Nisso um casal de turistas, pelo sotaque do Equador, veio me perguntar se contrataríamos um guia, por que estavam cobrando cerca de US$ 25,00 por grupo, independente o número de pessoas (eu consigo um valor mais em conta sempre).
Disse que sim, embora estivesse disposto a explicar para Elda tudo sozinho, mas a namorada do rapaz estava meio relutante a entrar no parque.

Como não estava ali para guia-los e servi-los, segui para bilheteria enquanto do dois sumiram. Pagamos cerca de US$ 15,00 por pessoa, e entramos no Parque de Tiwanako.

No final do século XVI, início do XVII, inúmeros Espanhóis escavaram a região em busca de ouro, impulsionados pelos sucessos com a Civilização Inca, mas só encontraram pedras e bronze, o que não desestimulou a Igreja Católica de saquear pedras do templo de Tiwanako, para a construção de uma catedral nos arredores do sítio, que levou a formação da Cidade de Tiwanako.

Até 1.982, grande parte deste sítio estava soterrado, com apenas algumas pedras do Templo de Kalassassaya aflorando da terra.

Deste ponto em diante, escavações se iniciaram, apesar de um grande monólito ter sido retirado da região na década de 30, e ter ficado exposto em frente do Estádio de La Paz por mais de 25 anos, e pouca gente ter dado importância ao fato por décadas.

Buscando evitar a criançada no parque, começamos subindo a Pirâmide de Akapana, um templo de devoção aos céus, que possui hoje cinco patamares, dos sete previstos, escavados.

No alto, além de toda um avista do Sítio de Tiwanako, é possível conferir a pequena área de residência dos sacerdotes... na verdade, o que sobrou da base das casas, geralmente medindo 2m por 1,50m, aonde praticamente cabia uma cama.

Descemos do outro lado, seguindo direto para o Templo Subterrâneo, uma grande área escavada aproximadamente uns 2m de profundidade, com três monólitos ao centro e paredes de contenção ao redor.

O que mais chama a atenção, são as inúmeras cabeças esculpidas e incrustadas nas paredes, que alguns guias relacionam a Líderes Tiwanakos ao longo dos tempos, a questão é que cada cabeça possui um formato diferente, de reptilianos a extraterrestres nítidos. Tirando um único crâneo humano, nada mais é deste mundo.

Dali seguimos para o grande templo de Kalassassaya aonde podemos encontrar grades e impressionantes monólitos esculpidos em pedra única, e a impressionante Puerta de Sol, um calendário milenar que foi encontrado partido ao meio. Acredita se que ele não está em seu local original, já que os raios do Solstício de Verão que cruzavam sua portada, hoje não mais se encaixam.

De toda forma, um monólito de 10 toneladas impressionante.

Deste ponto, saímos do Parque, visitamos rapidamente o Museu de Cerâmica, e o Monolito Bennett que foi descoberto na década de 30 e levado para La Paz aonde ficou exposto até 2002 em frente ao Estádio Nacional de La Paz, quando finalmente retornou para Tiwanako e hoje não pode mais ser fotografado ou filmado.

O tamanho é descomunal, com 7m de altura, 1,20m de largura e mais de 10 toneladas, além de muitas perguntas sem respostas, como por que estava enterrado e não em pé como os demais monólitos do sítio.

Feito esse rolê, subimos na moto e andamos pouco mais de 500m até o sítio arqueológico de Puma Punko que está dando um nó na cabeça de vários arqueólogos, pois no local não foram encontradas cerâmicas, armas ou qualquer outro tipo de artefato, apenas pedras cortadas em forma de H com uma precisão de ângulos absurda.

Acredita-se que Puma Punko foi uma plataforma de aterrissagem de aeronaves, e o mais estranho, é que a base afundou no solo, como se ele tivesse se liquefeito. Alguns estudiosos dizem que isso se deu durante o Dilúvio, o que remete esse sítio a mais de 12.000 anos AC.

Acontece que se tudo faz parte da cultura Tiwanako, então este não tem 4.000 anos como já foi declarado, e o constrangimento no meio científico ainda é maior, pois calculando a posição da Terra para que todos os portais que marcam Solstícios de Verão e de Inverno “funcionem”, a construção data de aproximadamente 10.000 anos.

Como o homem que estava começando a descobrir a agricultura, poderia construir algo tão grandioso?

Deixando os Deuses Astronautas de lado, partimos deste lugar mágico em direção à Copacabana, voltando pela Ruta 1 quase até La Paz e de olho no horizonte que não era nada promissor. Uma gigantesca nuvem negra jorrava uma cortina de água, e nosso banho era praticamente inevitável.

Encostei em um posto para Elda colocar a capa de chuva, e partimos.
Acho que esse foi o tempo certo do molho cair... ao chegarmos em El Alto, via-se ruas alagadas, e uma pequena garoa ainda insistia em cair, levando a temperatura que antes estava nos agradáveis 25°C, para os 6°C.

Cruzamos a cidade molhada, debaixo de um céu negro, com um horizonte agora ensolarado, que encontramos ao nos aproximar do Lago Titicaca.

Esta Ruta 2 é a minha preferida na América do Sul, e percorre-la agora, com a Elda na garupa, seis anos depois, foi uma sucessão de flaskback a cada deliciosa curva, que desta vez eu deitava mais, com segurança, sem aquela velha insegurança de frear e acelerar.

Cruzamos o Estreito de Tikina nas tradicionais balsas de madeira, e percorremos os últimos 20 km até Copacabana, onde chegamos com Sol abaixo do horizonte.

Esse tal de Lago Titicaca é mágico, e ficaremos por aqui curtindo esse visual.

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