A VERDADE SOBRE DOCUMENTAÇÕES EM VIAGENS PELA AMÉRICA LATINA

Postado em: 19/12/2011 | Categoria: Fica a Dica
Diário de Motocicleta

Quando nos preparávamos para viajar até o Peru, nos chegou a informação que deveríamos ter autorização de entrada nos países pelos quais passaríamos, e tal permissão só era emitida pelos respectivos consulados.
Com menos de 30 dias para saída, liguei primeiro no consulado da Bolívia, pois esta não faz parte do Mercosul.

A informação que eu tive foi assustadora, e os passos burocráticos ameaçavam a realização da viagem no tempo previsto.

Era preciso redigir uma carta solicitando a entrada e circulação pela Bolívia, no entanto, esta carta deveria ser traduzida por um Tradutor Juramentado.

Após a tradução, era necessário enviar para o Itamarati chancelar. Acontece que o Itamarati não tem balcão de atendimento, não recebe e-mails e só atende via Correios e, este na época estava em greve. Ainda que estivesse funcionando, a correspondência leva até 10 dias úteis para ser vistada pelo Itamarati que lhe envia tudo pelo Correio novamente.

Vamos supor que com sorte, entre idas e vindas, você estivesse com a tal tradução chancelada em 20 dias, mas agora seria necessário ir até o consulado Boliviano para receber a chancela deles pela bagatela de R$60,00.

Estava levemente desesperado quando a atendente do consulado boliviano me solta a seguinte informação – “Senhor, não há garantias que a fiscalização lhe peça essa documentação!” – alívio geral... “Grato pela informação”!

Esse trâmite “tecnicamente” deve ser feito para cada país que você for rodar, o que no nosso caso envolveria Paraguay, Bolívia, Peru, Chile e Argentina.

Pára!

Outra exigência é que houvesse uma autorização do banco financiador liberando a moto para viajar no exterior.
No nosso caso, o Bradesco agiu rápido, mas de forma errada ao enviar a tal autorização.
Como essa liberação é feita com dados da Carta Verde (já falo dela) nos foi autorizado a rodar pelo Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile – mas, e o Peru e Bolívia?

Depois de muitos e-mails, tive que solicitar uma extensão do seguro para Bolívia e Peru, e conseguir a autorização correta por parte do banco.

Sabe quantas vezes me pediram essa autorização? Nenhuma!

No documento da moto está o meu nome como proprietário, e apesar de constar no campo “Observação” – “Alienação: BCO BRADESCO” a polícia caminera deve até desconhecer a palavra “alienação”.

O que realmente nos foi cobrado nas fiscalizações?

Carta Verde – é um tipo de DPVAT válido nos países do Mercosul e cobre despesas de acidentes contra terceiros, tanto pessoas quanto veículos... mas é um seguro para os outros, não para você. Então, caso infelizmente você se acidente, não terá nenhum tipo de cobertura.
O valor da Carta Verde varia de acordo com o valor da moto, a quantidade de países e o tempo de viagem. Pode-se retirar em despachantes e seguradoras nas fronteiras... até sai mais barato, no entanto, há que se ter paciência, pois é uma atividade a mais que simplesmente passar pela Aduana.
Nós optamos por sair de casa com ela pronta e guardada em uma pasta, e de todos os países, ela foi solicitada na aduana do Chile e da Argentina... a Bolívia também pediu embora não faça parte do Mercosul e tão pouco exija tal documento... vai entender.
Custo, cerca de R$300,00 no nosso caso – 52 dias – valor venal da moto R$34mil – 3 países do Mercosul.

Carteira Internacional de Vacinação – a Febre Amarela é uma epidemia que assola a América Latina e mais de dois terços do Brasil, então é de suma importância estar devidamente vacinado.
Após a vacina você receberá uma carteirinha que deve ser trocada nos postos da ANVISA pela Carteira Internacional. Ela nos foi cobrada na entrada da Bolívia e em algumas fiscalizações.
Custo, tanto da vacina quanto da carteira é gratuito.

Permissão Internacional para Dirigir (PID) – a carteira de habilitação internacional é geralmente cobrada em países da Europa, mas há relatos de policiais Argentinos solicitando este documento.
Ele pode ser emitido diretamente no DETRAN (haja paciência para ser atendido) ou junto a seguradoras ou despachantes.
A validade é igual a sua CNH, então vale a pena fazer as duas juntas, já que o custo pode chegar a R$250,00.
Em nenhum momento nos foi solicitada a PID e em toda fiscalização e Aduana apresentei minha CNH sem problemas... mas, vai saber!

SOAT – até janeiro de 2011 o Peru aceitava a Carta Verde, por ser um simpatizante do Mercosul, porém agora foi instituído o SOAT que ainda não conseguimos encontrar um lugar que emita no Brasil... nem mesmo no Consulado.
Entramos no Peru por Copacabana na Bolívia, margeando o Lago Titicaca e ali nos foi solicitado o SOAT. Argumentei que a informação que eu tinha é que ele poderia ser comprado ali, mas o mesmo não seria possível. Resumo da história, tivemos que pagar S/20,00 (vinte Soles – cerca de R$13,00) de propina e seguimos viagem.
Em Juliaca compramos o SOAT por US$13,00 com validade de 30 dias e em todas as fiscalizações foi solicitado esse documento.

Existe muito mito envolvendo documentações e para ajudar, na prática a teoria é outra, e nunca sabemos ao certo o que nos será solicitado, então é melhor pecar pelo excesso que pela falta.

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