DOIS AMIGOS ENCARAM A CORDILHEIRA DOS ANDES DE POP
Grandes viagens pressupõem grandes motocicletas, certo? Nem sempre.
Os amigos Marcelo Dias e Gilson Soares estavam dispostos a sair do lugar comum e fazer uma viagem desafiadora, que rompesse as fronteiras do Brasil, mas sem o conforto e a potência das big trail, as preferidas para este tipo de uso. A ideia era dar um tempero especial a cada quilômetro rodado. Assim, resolveram fazer um tour por países da América do Sul com uma Pop 100 para cada, o modelo mais barato da linha Honda.
O trajeto escolhido contemplava um pequeno trecho no Brasil, depois Bolívia, Chile e Peru. A saída foi de Porto Velho (RO) e a única certeza naquele amanhecer era a imprevisibilidade de uma viagem tão longa com duas pequenas motos de 97cc e 6 cv de potência. Depois de 330 km e 7 horas, a dupla chegou a Guajará-Mirim, ainda em Rondônia, fazendo uma média de 36 km por litro de gasolina. Tudo correu bem.
Na Bolívia, a falta de tráfego de veículos (e de postos de combustível) entre Riberalta e Rurrenabaque os obrigou a comprar 16 litros de gasolina em garrafas plásticas de 2 litros cada. Curtiram um pouco da beleza de Rurrenabaque, cidade organizada e cujo foco está no turismo pesqueiro, e seguiram em frente. Na saída de lá, um susto. O motor de uma das motos perdera potência e suspeitaram que seria o fim para a Pop, ainda no primeiro país. “Ao examinar, percebi que era apenas uma vela solta”, lembra Marcelo Dias.
Nos primeiros quilômetros percorridos da Estrada da Morte, pegaram uma ponte em construção. Enquanto um se encarregava de atravessar as duas motos, o companheiro ficou responsável por filmar o grande momento. Mais para frente se depararam com nova ponte inacabada. Parecia um pesadelo em que, não bastasse a baixa velocidade média das motos, sempre surgiriam dificuldades para retardar mais o avanço no roteiro. “Não teve jeito, retiramos todos os equipamentos das motos para atravessarmos carregando as duas com ajuda dos operários. Ao nosso lado estava um precipício”, diz o aventureiro. Pegaram chuva de granizo, uma das motos não passava de 30 km/h, mas chegaram exaustos e felizes.
Seguiram em direção ao Peru e em Puno, cidade no altiplano onde fica o lago Titicaca. A mais de 4.000 metros, desgastados pela altitude, pararam para recuperar o fôlego, superar o incômodo da falta de oxigênio e então prosseguir em segurança. Ficaram dois dias na cidade para conhecer a região do lago.
A dupla voltou ao país pela cidade de Assis Brasil, no Acre, após 19 dias de viagem, 4.550 km rodados de Pop e R$ 5 mil gastos entre hospedagem, alimentação e combustível. As pequeninas 100 continuam rodando, agora dentro do Brasil, sem nenhuma sequela.
A matéria completa está na edição de fevereiro/15 de Duas Rodas.
Texto: Vinícius Piva