49º DIA - RUINAS JESUÍTICAS ANTES DE ENTRAR NO BRASIL

49º dia de viagem
Cidade: Foz do Iguaçu/PR | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 17/9/2011
Diário de Motocicleta

Ontem em Corrientes fomos acordados pelo barulho da chuva, e hoje foi a vez de um pedreiro super empolgado lixando as paredes do corredor do nosso andar.
Abri a porta para reclamar mas o cabra estava tão entretido que não percebeu... então liguei na recepção e deram cabo do sujeito.

8h da manhã! Tem gente que não tem família!

Voltei para cama e só levantei às 10h para constatar duas coisas, uma que eu tinha perdido o “desayuno” (café da manhã) e duas que chovia muito.
Diferente de Corrientes que chovia e parava, hoje não estava com cara que ia parar.

Saímos do hotel por volta das 11h30 e após abastecer estávamos na estrada com vários passeios marcados... isso mesmo... na estrada (Ruta 12) para visitar pontos turísticos.

A região se chama Missiones não por acaso... é grande a quantidade de Ruínas de Reduções Jesuíticas criadas na época da colonização não só na Argentina, mas no Paraguai e no Brasil também.
Essas Reduções eram vilarejos, por assim dizer, onde os padres da Companhia de Jesus vieram para América catequizar os índios.
Há cerca de 40 km de Posadas entramos em Santa Ana, a primeira Redução Jesuítica que visitaríamos hoje.

A chuva não parava e tirar fotos foi bem complicado. Para terem uma idéia, nossa filmadora parou de funcionar tamanha a quantidade de pingos que a acertaram  – mas ela já passa bem.

Santa Ana foi uma redução com mais de 4.800 índios Guaranis vivendo sob a proteção dos jesuítas que coordenaram a construção de uma Igreja, um colégio e várias casas para os índios morarem. Ainda existia um cemitério e uma horta. Mas tudo muito grande, numa área enorme.
Infelizmente o Governo da Argentina levou muito tempo para criar um programa de revitalização e declará-la como Patrimônio Cultural da Nação.
Quando isso foi feito muito já tinha sido destruído, pois os moradores pós colonização usaram as pedras destas construções para erguer suas casas... era só parar com um caminhão e carregar... absurdo!

10 km dali entramos em Loreto que abrigou cerca de 6.000 Guaranis nos áureos tempos. O engraçado é que apenas 3 espanhóis (padres) cuidavam de toda essa população.
O estado das ruínas é tão ruim quanto de Santa Ana, mas ainda conserva o banheiro público onde o material era reutilizado como fertilizante nas hortas.

Mais uns 15 km chegamos em San Ignácio, este sim espantoso.
No local existe um pequeno museu e logo atrás as ruínas em melhor estado de conservação das três.
É possível ver as casas onde os Guaranis moravam, dezenas delas e as belas ruínas da Igreja... enorme estrutura que ficava na praça central.
Vale ressaltar que todas essas construções eram feitas de pedras, inclusive a Igreja que não poupava ostentação ainda que apenas para catequizar os índios.
Todas essas missões acabaram por que, pasme, Roma estava ficando preocupada com as ações dos jesuítas que constantemente entravam em conflito com colonos que queriam escravizar os índios.

Os nossos Bandeirantes tinham como missão além de achar veios de ouro e pedras preciosas, eliminar as missões e Raposo Tavares (importante rodovia do Sudeste e Sul) foi quem mais matou jesuítas... mas isso é uma outra história.

Ainda em tempo, os ingressos para as três reduções custam 40 Pesos por pessoa.
Concluído os passeios, voltamos para a Ruta 12 sentido Foz do Iguaçu... nessa altura faltavam pouco mais de 200kms.

A chuva não deu trégua o que infelizmente impossibilitou filmagens e fotografias na estrada que é linda. Lembra muito as estradas do Paraná ladeadas por árvores em colinas que sobem e descem em curvas bem abertas e tranquilas.
Percorrer essa estrada em dia de Sol deve ser fantástico... vamos ter que voltar (rs).

Por volta das 18h chegamos na Aduana da Argentina e encontramos um casal de Mossoró/RN – Doryan e Gláubia do Moto Clube Lobo Potiguar que desceram para o Uruguai e de lá entraram pela Argentina. Eles foram impedidos de seguir, pois não tinham o “permisso”... fizeram apenas a aduana quando entraram na Argentina e seguiram viagem.
A moça simpática da cabine disse que eles teriam que pagar uma multa e chamou um oficial... parei para aguardar a solução e o oficial vendo duas motos, acho que contribuiu para a liberação do casa Brazil Riders como eu.
Dali fomos para Aduana do Brasil e não nos vimos mais.

Agora faremos passeios por Foz antes de seguir viagem.

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