46º DIA - 850 KM E UM PAÍS CORTADO EM 11H

46º dia de viagem
Cidade: Corrientes/AR | Categoria: Diário do Piloto
Postado em: 14/9/2011
Diário de Motocicleta

Mais uma cidade para o roll “Não é fácil deixá-la”!
Salta como já comentei, é uma cidade para se passar ao menos uma semana e ainda assim é pouco... e se você ouvir os relatos apaixonados do Daniel, dono do Hostel em que ficamos, ficará um mês fácil.

Mas era hora de partir e o dia seria bem puxado.

Os planos iniciais era rodar cerca de 360 km até Monte Quemado, parar, dormir e no dia seguinte partir para Corrientes, mas a Elda acordou com “sangue nos zóio” e queria seguir direto para Corrientes... isso implicava em atravessar a Argentina, cruzar o Chaco e percorrer mais de 800 km em um dia.

Quando se motoca sozinho, você está por conta e risco, mas com garupa a banda toca diferente. É preciso atenção redobrada na direção, pois a moto fica mais pesada e não tão ágil para manobras, o consumo aumenta e não menos importante, o conforto da garupa implica muito na viagem, principalmente se você acaba de ficar noivo dela (rs).

Ponderamos o esforço, estudamos a rota e partimos com o compromisso de ir até onde fosse possível.

Saindo de Salta pegamos a Ruta 9 até a Ruta 34. Nesse trecho ainda era possível avistar os Andes e dar o último adeus às montanhas que por tanto tempo e quilômetros percorremos.

Cruzamos com três Harleiros Brasucas e logo depois por dois motociclistas também do Brasil com os quais motocamos por um tempo garantindo boas imagens na GoPro.

Depois de Rio Piedras entramos na Ruta 16 e as dificuldades começaram.
A Ruta 16 vai de excelente a péssima em poucos metros... é como se o Departamento de Rodagem Argentino decidisse asfaltar km sim, km não.
Os primeiros 300 km se dividem em regular, ruim e péssimo.

O regular é um asfalto completamente ondulado que dá a impressão que o carro que vem em sentido contrário está te sinalizando com o farol, mas na verdade ele está no mesmo tobogã que você.

O ruim é um asfalto cheio de buracos e remendos inéditos... parece que os caras cobriram os buracos com pedras e jogaram uma camada selante se pixe. Nunca tinha visto remendos tão ásperos.

O péssimo é um asfalto que mistura as duas categorias acima, mas vem com caminhões pisando fundo, nem um pouco preocupados com você.

Quando chegamos em J.V. González, já tínhamos rodado cerca de 240 km e paramos para abastecer... o problema é que não tinha “nafta”... fomos para o outro posto da cidade e a situação era igual. Dali rodamos mais uns 25 km até a cidade de Gaona e finalmente conseguimos encher o tanque.
Kms depois parei para umas fotos e os dois Brasileiros, Fernanda e Bruno nos alcançaram com a notícia que fomos os últimos a abastecer em Gaona... dali apenas 50kms haveria um posto que poderia ter gasolina.

A situação na região é complicada... pelo que um cidadão local me explicou, a “nafta” chega apenas no sábado... boa notícia para quem está motocando numa quarta-feira.

Seguimos viagem e, em Taco Pozo encontramos a Fernanda e o Bruno no posto, devidamente abastecidos... aproveitei e completei o tanque... conversamos um pouco sobre nossas rotas (ela de Brasília e ele de Floripa), trocamos adesivos e e-mails e segui viagem pois ainda nos faltavam 500 km.

Em Monte Quemado abasteci novamente com a novidade que a grana tinha acabado... foi os últimos Pesos na carteira e ainda restavam 350 km pela frente.
Consegui comprar uma água com os últimos 2 Pesos no bolso e fomos para estrada novamente.

A partir daí, até Avia Terai, curiosamente as retas possuem 23 km... ai a estrada vira para direita, vira para esquerda, pega uma reta com povoado, vira para esquerda, vira para direita e segue em reta novamente.
Esse padrão se repetiu por uns 250 km de asfalto excelente até anoitecer.

Quando a noite caiu entrei na reserva e comecei a andar a 60/80km/h, e
faltavam cerca de 150 km e nada de posto de gasolina. Quando finalmente encontrei dois, o primeiro não aceitava cartão e o segundo não tinha gasolina.

Comecei a ficar realmente preocupado, pois o tempo passava e nada de posto.

40 km depois mais um posto e nada de aceitar cartão, mas uma boa notícia... nos próximos 6kms havia um posto que aceitava cartão.
Rodei o mais devagar que eu pude e finalmente consegui abastecer 19 L em Resistencia, cerca de 20 km do nosso destino final.

Por conta de andar cerca de 50 km lerdo como uma lesma e rodar um pouco para achar nosso hotel... chegamos depois de 11h de estrada e cravados 850 km.

Vamos ficar em Corrientes um dia para descansar e passear e depois seguiremos para Posadas.

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